quarta-feira, 16 de maio de 2018

Homilia do Papa: VI Domingo da Páscoa - Ano B

Visita à Paróquia Romana do Santíssimo Sacramento a Tor de' Schiavi
Homilia do Papa Francisco
Domingo, 06 de maio de 2018

Jesus, antes de ir ao jardim das oliveiras e começar a sua Paixão - Jesus sofreu muito no jardim das oliveiras - pronunciou um longo discurso à mesa com os discípulos. E ele aconselha algo importante, dá um conselho muito importante. “Permanecei no meu amor”. Este foi o conselho que Jesus deu aos seus antes de sofrer e de morrer. E é também o conselho que nos dá, a cada um de nós. Jesus diz-nos: “Permanecei no meu amor. Não saiais do meu amor”. E cada um de nós pode questionar-se no coração - no próprio coração: “Permaneço no amor do Senhor? Ou saio procurando outras realidades, outros divertimentos, outros comportamentos de vida?". Mas “permanecer no amor” é fazer o que Jesus fez por nós. Ele ofereceu a vida. Ele foi o nosso servo: veio para nos servir. “Permanecer no amor” significa servir os outros, estar ao serviço dos outros. O que é o amor? Queremos pensar no que é o amor? “Ah, sim, vi um filme na tv sobre o amor, era bonito... Com aquele casal de namorados... E depois, acabou mal, que pena!”. Não é assim. O amor é outra coisa. O amor é cuidar dos outros. Não é tocar violinos, muito romântico... O amor é trabalho. Quantas de vós sois mães, recordai quando os filhos eram pequenos: de que modo amáveis os vossos filhos? Com o trabalho. Cuidando deles. Eles choravam... era preciso amamentá-los; trocar as suas fraldas; isto, aquilo... O amor é sempre trabalho para os outros. Porque o amor se mostra com as obras, não com as palavras. Recordai aquela canção: “Palavras, palavras, palavras” ["Parole, parole, parole”]. Muitas vezes são apenas palavras. Ao contrário, o amor é concreto. Cada um deve pensar: o meu amor pela minha família, no bairro, no trabalho: é serviço aos outros? Preocupo-me pelos outros? Estive na parte de cima - chamam-na a “Casa da Alegria” - mas poderia chamar-se a “Casa do Amor”, porque esta paróquia se ocupa de muitos que precisam ser cuidados, ser vigiados. E isto é amor. Amor é trabalho, trabalho para os outros. O amor está nas obras, não nas palavras. “Amo-te”. “E o que fazes por mim se me amas?”. Cada enfermo do bairro se pergunta: “Que fazes por mim?”. Na vossa família, se amas os teus filhos, sejam pequenos ou grandes, os pais, os idosos, o que fazes por eles? Para ver como vai o amor, devemos questionar-nos sempre: o que faço? “Mas, padre, onde aprendemos isto?”. Com Jesus. E na segunda leitura há uma frase que nos pode abrir os olhos: “Nisto manifestou-se o amor de Deus em nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho”. Nisto consiste o amor. Não fomos nós a amar Deus mas Ele amou-nos em primeiro lugar. O Senhor ama sempre em primeiro lugar. Espera-nos com o amor. Também nós podemos perguntar-nos: espero os outros com amor? E depois fazer uma lista de perguntas. Por exemplo: o mexerico é amor? Quem fala mal dos outros... Não, não é amor. Falar mal das pessoas não é amor. “Oh... eu amo a Deus. Faço cinco novenas por mês. Faço isso e aquilo...”. Sim, mas... como é a tua língua? Como vai a tua língua? É exatamente esta a pedra de comparação para ver o amor. Amo os outros? Pergunta-te: como vai a minha língua? Dir-te-á se é amor verdadeiro. Deus amou-nos em primeiro lugar. Espera-nos sempre com o amor. Amo em primeiro lugar ou espero que me deem algo para amar? Como os cãezinhos que esperam o prémio, algo para comer e depois fazem festa ao dono. O amor é gratuito, em primeiro lugar. Mas o termómetro para saber a temperatura do meu amor é a língua. Não vos esqueçais disto. Quando estiverdes para fazer o exame de consciência, antes da confissão ou em casa, perguntai-vos: fiz o que Jesus me disse: “Permanecei no meu amor”? E como posso saber? Pelo modo como a minha língua se comportou. Se falou mal dos outros, não amei. Se esta paróquia conseguisse nunca falar mal dos outros, poderia ser canonizada! E, pelo menos, como disse noutras ocasiões: fazei o esforço de não falar mal dos outros. “Mas, padre, indique-nos um remédio para deixar de falar mal dos outros”. É fácil. Está ao alcance de todos. Quando te vier vontade de falar mal dos outros, morde a tua língua! Ficará inchada, mas certamente já não falarás mal.
Peçamos ao Senhor para “permanecer no amor” e compreender que o amor é serviço, é cuidar dos outros. E a graça de entender que o termômetro para saber como está o amor é a língua.


Fonte: Santa Sé.

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