segunda-feira, 12 de março de 2018

Cantar a Semana Santa - Introdução

“Como o Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus principalmente pelo seu Mistério Pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida, o sagrado Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor resplandece como o ápice de todo o ano litúrgico” (Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, n. 18).

A partir desta afirmação, perfeitamente de acordo com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, percebe-se o quão importante é a celebração do Tríduo Pascal e, de maneira mais ampla, de toda a Semana Santa, para nós cristãos.


As celebrações desta Semana devem ser preparadas com muito zelo, pois atualizam o mistério central de nossa fé, a Morte-Ressurreição do Senhor. Ao longo de sua evolução histórica, estas celebrações foram enriquecidas de uma série de ritos e símbolos que compõem uma riquíssima catequese sobre o Mistério Pascal e sobre toda a História da Salvação.

Dentre os elementos que merecem especial cuidado na preparação da Semana Santa está a música litúrgica. A música é um dos meios privilegiados para a aquela participação ativa, piedosa e consciente dos fiéis, tão desejada pelo Concílio (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 48).

Escolha dos Cantos
Porém, para que a música seja verdadeiramente “litúrgica”, é importante observar alguns critérios, que valem não apenas para a Semana Santa, mas para toda e qualquer celebração. A Constituição Sacrosanctum Concilium apresenta a premissa básica:

“A música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica, quer exprimindo mais suavemente a oração, quer favorecendo a unanimidade, quer, enfim, dando maior solenidade aos ritos sagrados” (Sacrosanctum Concilium, n. 112).

A música deve estar intimamente ligada à ação litúrgica: não é um acréscimo, um “enfeite”, mas uma parte constitutiva da Liturgia. Portanto, é necessário observar fielmente as normas litúrgicas na escolha dos cantos (sobretudo aqueles que são por si um rito, como o Ato Penitencial, o Glória, o Santo ou o Cordeiro).

Devem-se buscar sempre aqueles cantos em sintonia com Palavra de Deus proclamada e com a ação litúrgica celebrada, para que a música ajude realmente os fiéis à compreender e viver a Liturgia:

“Os textos destinados aos cantos sacros sejam conformes à doutrina católica, e sejam tirados principalmente da Sagrada Escritura e das fontes litúrgicas” (Sacrosanctum Concilium, n. 121).

Se isto vale para a Liturgia em geral, quanto mais para a Semana Santa, coração do Ano Litúrgico. A Carta Circular Paschalis Sollemnitatis dedica o n. 42 para tratar da música na Semana Santa e especialmente no Tríduo Pascal:

“O canto do povo, dos ministros e do sacerdote celebrante reveste particular importância na celebração da Semana Santa e especialmente do Tríduo Pascal, porque está mais de acordo com a solenidade destes dias e também porque os textos obtêm maior força quando são cantados. (...) Os textos litúrgicos dos cânticos, destinados a favorecer a participação do povo, não sejam omitidos com facilidade” (Carta Circular Paschalis Sollemnitatis, n. 42).

Portanto, a escolha dos cantos para a Semana Santa deve priorizar os textos propostos pelo Missal Romano e pelos Lecionários, que são em sua maioria salmos e hinos de venerável tradição. Quando não há canto próprio, pode-se escolher outro canto, mas sempre alusivo ao mistério celebrado.

Uso de instrumentos musicais
Desde o Glória da Missa da Ceia do Senhor até o início da Vigília Pascal proíbe-se o uso de instrumentos musicais, manifestando sobriedade ante a Paixão do Senhor. Podem ser utilizados apenas para sustentar o canto (Cerimonial dos Bispos, n. 300).

* * *

Nas próximas postagens apresentaremos os cantos propostos para cada uma das grandes celebrações da Semana Santa, conforme constam nos livros litúrgicos. Esperamos com esta série de postagens ajudar as comunidades que se preparam para viver estes dias, a fim de que possam, também através da música, viver plenamente o Mistério Pascal.








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