terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Ângelus: Festa de Santo Estêvão (2017)

Festa de Santo Estêvão Protomártir
Papa Francisco
Ângelus
Terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Bom dia, prezados irmãos e irmãs!
Depois de ter celebrado o Nascimento de Jesus na terra, hoje comemoramos o nascimento para o céu de Santo Estêvão, o primeiro mártir. Não obstante à primeira vista possa parecer que entre as duas celebrações não há um vínculo, na realidade existe, e é muito forte.

Ontem, na liturgia do Natal, ouvimos proclamar: «O Verbo fez-se carne e habitou entre nós» (Jo 1,14). Santo Estêvão pôs em crise os chefes do seu povo porque, «cheio de fé e do Espírito Santo» (At 6,5), acreditava firmemente e professava a nova presença de Deus entre os homens; sabia que o verdadeiro templo de Deus já é Jesus, Verbo eterno que veio habitar entre nós e que se fez como nós em tudo, exceto no pecado. Mas Estêvão é acusado de pregar a destruição do templo de Jerusalém. A acusação que dirigem contra ele é de ter afirmado que «Jesus de Nazaré há de destruir este lugar e há de mudar as tradições que Moisés nos legou» (At 6,14).

Com efeito, a mensagem de Jesus é importuna e incomoda-nos, porque desafia o poder religioso mundano e provoca as consciências. Depois da sua vinda, é necessário converter-se, mudar de mentalidade, renunciar a pensar como antes, mudar, converter-se. Estêvão permaneceu ancorado na mensagem de Jesus até à morte. Eis as suas últimas orações: «Senhor Jesus, recebe o meu espírito» e «Senhor, não tenhas em conta este pecado que eles cometeram» (At 7,59-60); estas duas preces são o eco fiel daquelas pronunciadas por Jesus na cruz: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23,46) e «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem» (v. 34). Aquelas palavras de Estêvão tornaram-se possíveis porque o Filho de Deus veio à terra e morreu e ressuscitou por nós; antes destes acontecimentos elas eram expressões humanamente impensáveis.

Estêvão suplica a Jesus que receba o seu espírito. Com efeito, Cristo ressuscitado é o Senhor e é o único mediador entre Deus e os homens, não apenas na hora da nossa morte, mas também em cada instante da vida: sem Ele nada podemos fazer (cf. Jo 15,5). Portanto também nós, diante do Menino Jesus no presépio, podemos rezar-lhe assim: “Senhor Jesus, confiamos-te o nosso espírito, recebe-o”, para que a nossa existência seja verdadeiramente uma vida boa, segundo o Evangelho.

Jesus é o nosso mediador e reconcilia-nos não apenas com o Pai, mas também entre nós. Ele é a fonte do amor, que nos abre à comunhão com os irmãos, para nos amarmos uns aos outros, removendo todos os conflitos e ressentimentos. Sabemos que os ressentimentos são negativos, fazem muito mal, fazem-nos muito mal! E Jesus cancela tudo isto e leva-nos a amar-nos uns aos outros. Este é o milagre de Jesus! Peçamos a Jesus, que nasceu para nós, que nos ajude a assumir esta dúplice atitude de confiança no Pai e de amor ao próximo; é uma atitude que transforma a vida, tornando-a mais bonita e mais fecunda.

A Maria, Mãe do Redentor e Rainha dos mártires, elevemos com confiança a nossa oração, a fim de que nos ajude a receber Jesus como Senhor da nossa vida e a tornar-nos suas corajosas testemunhas, prontas a pagar pessoalmente o preço da fidelidade ao Evangelho.


Fonte: Santa Sé.

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