segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Visita do Patriarca Kirill à Romênia

Entre os dias 26 e 27 de outubro, o Patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa realizou uma visita à Romênia, a convite do Patriarca Daniel.

Kirill levou à Bucareste as relíquias de São Serafim de Sarov, que foram veneradas na Praça da Catedral de São Constantino e Santa Helena no dia 26.

No dia 27, Kirill presidiu na mesma Praça a Divina Liturgia em ação de graças pelos 10 anos da entronização do Patriarca Daniel. Estiveram presentes também os Patriarcas Anastasios da Albânia e Rastislav da República Checa e Eslováquia (para saber mais sobre as Igrejas Ortodoxas, clique aqui).

Dia 26: Celebração com as relíquias de São Serafim de Sarov

Catedral de São Constantino e Santa Helena em Bucareste
Patriarca Kirill e Patriarca Daniel
Procissão com a relíquia

Celebração em honra de São Serafim de Sarov

Dez aspectos da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II

Publicamos aqui o texto sobre a reforma litúrgica do Vaticano II publicado pela Rádio Vaticano no dia 25 de outubro:

Na edição de hoje deste nosso espaço damos continuidade ao tema da reforma litúrgica trazida pelo Concílio Vaticano II. O tema do programa passado foi “A excelência e a eficácia da Liturgia". Vimos como ela, como exercício da função sacerdotal de Cristo cabeça, realiza em modo próprio a cada um, a santificação dos homens, membros do Corpo Místico”.
Na edição de hoje, Padre Gerson Schmidt nos traz a reflexão sobre “Dez aspectos da renovação litúrgica do Concílio”:
"Na Constituição Sacrosanctum Concilium se apresentam diversos aspectos para que a renovação litúrgica aconteça. Afirma-se no número 21 da SC: “A santa mãe Igreja, para permitir ao povo cristão o acesso mais seguro à abundância de graças que a liturgia contém, deseja fazer uma acurada reforma geral da liturgia". 
Na verdade, a Liturgia compõe-se de uma parte imutável, porque de instituição divina, e de partes suscetíveis de mudanças. Estas, com o passar dos tempos, podem ou mesmo devem variar, se nelas se introduzirem elementos que menos correspondam à natureza íntima da própria liturgia, ou se estes se tenham tornado menos oportunos.
Nesta reforma, porém, o texto e as cerimônias devem ordenar-se de tal modo, que de fato exprimam mais claramente as coisas santas que eles significam e o povo cristão possa compreendê-las facilmente, à medida do possível, e também participar plena e ativamente da celebração comunitária. Nos interessa aqui de modo particular essa frase: o texto e as cerimônias (da liturgia) devem ordenar-se de tal modo, que de fato exprimam mais claramente as coisas santas.
Diante da controvérsia luterana, sabemos que na história, na Liturgia, se acentuou demasiadamente no catolicismo o princípio da eficácia do sacramento, em detrimento aos sinais litúrgicos e celebrativos – dessa clareza pedida pela SC. Se acentuou muito a frase: “ex opere operato” – frase latina que traduzida significa realizar com eficácia o que significa e simboliza o sacramento. Bastava o padre celebra ex opere operato havendo matéria e forma do sacramento para que se realize o que opera pelo sacramento. Por causa dessa eficácia operante, não se deu mais tanta importância aos sinais litúrgicos e essa expressão mais clara das coisas santas (SC, 21), pedida pelo Concílio. 
Por isso, é possível entender o apelo dos padres conciliares: “Nesta reforma, porém, o texto e as cerimônias devem ordenar-se de tal modo, que de fato exprimam mais claramente as coisas santas que eles significam e o povo cristão possa compreendê-las facilmente, à medida do possível, e também participar plena e ativamente da celebração comunitária”. Ou seja, a importância dos sinais – não só da eficácia sacramental.
Nessa reforma do Concílio, percebemos 10 aspectos de renovação, a partir da Constituição Sacrosanctum Concilium, que aqui enumeramos:

1. O valor da assembleia litúrgica - CIC 1141; 1142; SC 07
3. A importância das duas espécies eucarísticas, Pão e Vinho - SC 55; Missal Romano 240, 241, 14, 283.
5. A participação ativa dos fiéis - SC 48,14,19,30,50
10. O Mistério Pascal como centro - SC 47, 05,06

Nesse espaço "Memória Histórica", queremos ir nos adentrando em cada um desses aspectos.


sábado, 28 de outubro de 2017

Homilia: XXX Domingo do Tempo Comum - Ano A

São Gregório Magno
Tratado sobre o Livro de Jó
A lei do Senhor abrange muitos aspectos

A lei de Deus, da qual se fala neste lugar, deve entender-se que é a caridade, pela qual podemos sempre ler em nosso interior quais são os preceitos de vida que temos de praticar. A respeito desta lei, diz aquele que é a própria verdade: Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros. A respeito dela diz São Paulo: Amar é cumprir toda a lei. E também: Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos, e deste modo cumprireis a lei de Cristo. O que melhor define a lei de Cristo é a caridade, e esta caridade a praticamos de verdade quando toleramos por amor as cargas dos irmãos.
Porém, esta lei abrange muitos aspectos, porque a caridade zelosa e solícita inclui os atos de todas as virtudes. O que começa somente por dois preceitos se estende a inumeráveis facetas. Esta multiplicidade de aspectos da lei é enumerada adequadamente por Paulo, quando diz: O amor é paciente, afável; não tem inveja; não é presunçoso nem é vaidoso; não é ambicioso nem egoísta; não se irrita, não guarda rancor; não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
O amor é paciente, porque tolera com serenidade os males que lhe são infligidos. É afável, porque devolve generosamente o bem pelo mal. Não tem inveja, porque, ao não desejar nada deste mundo, ignora o que é a inveja pelos êxitos terrenos. Não é presunçoso, porque deseja ansiosamente o prêmio da retribuição espiritual, e por isso não se vangloria dos bens exteriores. Nem é vaidoso, porque tem por único objetivo o amor de Deus e do próximo, e por isso ignora tudo o que se afasta do reto caminho. Não é ambicioso, porque, dedicado com ardor ao seu proveito interior, não sente desejo algum das coisas alheias e exteriores. Nem é egoísta, porque considera como alheias todas as coisas que possui aqui de modo transitório, já que só reconhece como próprio aquilo que perdurará juntamente com ele. Não se irrita, porque, ainda que sofra injúrias, não se deixa levar por desejos de vingança, pois espera um prêmio muito superior aos seus sofrimentos. Não guarda rancor, porque sua alma está livre de toda maquinação doentia. Não se alegra com a injustiça, porque, desejoso unicamente do amor para com todos, não se alegra nem da ruína de seus próprios adversários. Alegra-se com a verdade, porque, amando aos outros como a si mesmo, ao observar nos outros a retidão, alegra-se como se fosse de seu próprio progresso.
Vemos, portanto, como esta lei de Deus abrange muitos aspectos.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 238-239. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de um autor anônimo para este domingo clicando aqui.

XXXVIII Catequese do Papa sobre a esperança

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Esperança (38): O paraíso, meta da esperança

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Esta é a última catequese sobre o tema da esperança cristã, que nos acompanhou desde o início do presente ano litúrgico. E vou concluir falando do paraíso, como meta da nossa esperança.
«Paraíso» é uma das últimas palavras pronunciadas por Jesus na cruz, dirigida ao bom ladrão. Detenhamo-nos um momento sobre aquela cena. Na cruz, Jesus não está sozinho. Ao seu lado, à direita e à esquerda, há dois malfeitores.
Talvez, passando diante daquelas três cruzes erguidas no Gólgota, alguém suspirou aliviado, pensando que finalmente a justiça tinha sido feita entregando à morte pessoas como elas.
Ao lado de Jesus há também um réu confesso: alguém que reconhece ter merecido aquele terrível suplício. Chamamo-lo “bom ladrão”, o qual, opondo-se ao outro, diz: recebemos o que mereceram os nossos crimes (cf. Lc 23,41)
No Calvário, naquela sexta-feira trágica e santa, Jesus chega ao extremo da sua encarnação, da sua solidariedade com nós pecadores. Ali realiza-se quanto o profeta Isaías tinha dito sobre o Servo sofredor: «E foi contado entre os malfeitores» (Is 53,12; cf. Lc 22,37).
É precisamente no Calvário que Jesus tem o último encontro com um pecador, para abrir de par em par as portas do seu Reino. Isto é interessante: é a única vez que a palavra “paraíso” aparece nos evangelhos. Jesus promete-o a um “pobre diabo” que no madeiro da cruz teve a coragem de lhe dirigir o mais humilde dos pedidos: «Lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino!» (Lc 23,42). Não tinha boas obras para apresentar, nada possuía, mas confia-se a Deus, que reconhece como inocente, bom, tão diferente dele (v. 41). Foi suficiente aquela palavra de arrependimento humilde, para sensibilizar o coração de Jesus.
O bom ladrão faz-nos lembrar a nossa verdadeira condição diante de Deus: que somos seus filhos, que Ele sente compaixão por nós, que Ele está desarmado todas as vezes que lhe manifestamos a nostalgia do seu amor. Nos quartos de muitos hospitais ou nas celas das prisões este milagre repete-se inúmeras vezes: não há pessoa alguma, por quanto tenha vivido mal, à qual só lhe resta o desespero e à qual seja proibida a graça. Diante de Deus apresentamo-nos todos de mãos vazias, um pouco como o publicano da parábola que tinha parado para rezar no fundo do templo (cf. Lc 18,13). E todas as vezes que um homem, fazendo o último exame de consciência da sua vida, descobre que as faltas superam de forma considerável as boas obras, não deve desanimar, mas entregar-se à misericórdia de Deus. E isto dá-nos esperança, abre-nos o coração!
Deus é Pai, e até ao último instante espera o nosso retorno. E ao filho pródigo, que regressando começa a confessar as suas culpas, o pai fecha-lhe a boca com um abraço (cf. Lc 15,20). Este é Deus: ama-nos deste modo!
O paraíso não é um lugar de fábula, nem sequer um jardim encantado. O paraíso é o abraço com Deus, Amor infinito, e entramos nele graças a Jesus, que morreu na cruz por nós. Onde há Jesus, há misericórdia e felicidade; sem Ele há frio e trevas. Na hora da morte, o cristão repete a Jesus: “Recorda-te de mim”. E mesmo se não houvesse mais ninguém que se recorda de nós, Jesus está ali, ao nosso lado. Quer levar-nos para o lugar mais bonito que existe. Deseja levar-nos lá com aquele pouco ou tanto de bom que houve na nossa vida, para que nada seja perdido do que Ele já tinha redimido. E para a casa do Pai levará também tudo o que em nós ainda precisa de ser resgatado: as faltas e os erros de uma vida inteira. Esta é a meta da nossa existência: que tudo se cumpra, e seja transformado em amor.
Se acreditarmos nisto, a morte deixa de nos amedrontar, e podemos também ter a esperança de partir deste mundo de maneira serena, com muita confiança. Quem conheceu Jesus, já nada teme. E poderemos repetir também nós as palavras do Velho Simeão, também ele abençoado pelo encontro com Cristo, depois de uma vida inteira consumida em expetativa: «Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação» (Lc 2,29-30).
E naquele instante, finalmente, já não teremos necessidade de nada, já não veremos de maneira confusa. Já não choraremos inutilmente, porque tudo passou; também as profecias, inclusive o conhecimento. Mas o amor não, esse permanece. Porque «a caridade jamais acabará» (cf. 1Cor 13,8).


Fonte: Santa Sé

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Solenidade de São João Paulo II em Cracóvia

No último dia 22 de outubro, além da imposição do pálio ao Arcebispo, a Arquidiocese de Cracóvia celebrou o dia de São João Paulo II. No Santuário a ele dedicado este dia tem o status de Solenidade. Portanto, várias Missas foram celebradas ao longo do dia.

Destacamos aqui a Missa presidida pelo Arcebispo Emérito de Cracóvia e Secretário Pessoal de São João Paulo II, Cardeal Stanisław Dziwisz, bem como a Missa presidida pelo próprio Arcebispo Dom Marek Jędraszewski, devidamente revestido com o pálio:

Missa presidida pelo Cardeal Dziwisz:

Procissão de entrada

Ritos iniciais 
Liturgia da Palavra
Evangelho

Imposição do pálio ao Arcebispo de Cracóvia

No último dia 22 de outubro o Núncio Apostólico na Polônia, Dom Salvatore Pennacchio, impôs o pálio ao Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, durante a Santa Missa celebrada na Catedral de São Venceslau e Santo Estanislau, a Catedral de Wawel.

Procissão de entrada
Ritos iniciais

Rito da imposição do pálio
 

Ângelus do Papa: XXIX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 22 de outubro de 2017

Bom dia prezados irmãos e irmãs!
O Evangelho deste domingo (Mt 22,15-21) apresenta-nos um novo encontro direto entre Jesus e os seus opositores. O tema enfrentado é o do tributo a César: uma questão “espinhosa”, a respeito da legalidade ou não de pagar o imposto ao imperador de Roma, a quem estava submetida a Palestina na época de Jesus. As posições eram diversas. Portanto, a pergunta que lhe foi dirigida pelos fariseus: «É permitido ou não pagar o imposto a César?» (v. 17) constitui uma cilada para o Mestre. Com efeito, de acordo com a resposta que tivesse dado, seria acusado de ser a favor ou contra Roma.

Mas também neste caso, Jesus responde com calma e aproveita a pergunta maliciosa para dar um ensinamento importante, elevando-se acima da polémica e das posições opostas. Diz aos fariseus: «Mostrai-me a moeda do tributo». Eles mostram-lhe um denário e Jesus, observando a moeda, pergunta: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». Os fariseus respondem: «De César». Então Jesus conclui: «Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» (vv. 19-21). Por um lado, intimando que se restitua ao imperador aquilo que lhe pertence, Jesus declara que pagar o imposto não é um gesto de idolatria, mas um ato devido à autoridade terrena; por outro - e é aqui que Jesus dá o “golpe de asa” - evocando o primado de Deus, pede que se lhe dê aquilo que lhe pertence como Senhor da vida do homem e da história.

A referência à imagem de César, gravada na moeda, diz que é justo sentir-se a pleno título - com direitos e deveres - cidadãos do Estado; mas simbolicamente faz pensar na outra imagem que está gravada em cada homem: a imagem de Deus. Ele é o Senhor de tudo, e nós, que fomos criados “à sua imagem”, pertencemos sobretudo a Ele. Da pergunta que lhe fazem os fariseus, Jesus extrai uma interrogação mais radical e vital para cada um de nós, uma pergunta que podemos fazer a nós mesmos: a quem pertenço? À família, à cidade, aos amigos, à escola, ao trabalho, à política, ao Estado? Sim, sem dúvida. Mas antes de tudo - recorda-nos Jesus - tu pertences a Deus. Esta é a pertença fundamental. Foi Ele que te deu tudo aquilo que és e que tens. Por conseguinte, podemos e devemos levar a nossa vida, dia após dia, no reconhecimento desta nossa pertença fundamental e na gratidão do coração ao nosso Pai, que cria cada um de nós singularmente, irrepetível, mas sempre segundo a imagem do seu amado Filho Jesus. É um mistério maravilhoso!

O cristão é chamado a comprometer-se concretamente nas realidades humanas e sociais, sem opor “Deus” a “César”; contrapor Deus a César seria uma atitude fundamentalista. O cristão é chamado a empenhar-se concretamente nas realidades terrenas, mas iluminando-as com a luz que deriva de Deus. A confiança prioritária a Deus e a esperança nele não requerem uma fuga da realidade mas, ao contrário, um dar industriosamente a Deus aquilo que lhe pertence. É por isso que o crente olha para a realidade futura, a de Deus, a fim de levar a vida terrena em plenitude e enfrentar com coragem os seus desafios.

A Virgem Maria nos ajude a viver sempre em conformidade com a imagem de Deus que trazemos dentro de nós, oferecendo também a nossa contribuição para a construção da cidade terrena.


Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Vigília Missionária em Milão

Na noite do último 21 de outubro o Arcebispo de Milão, Dom Mário Enrico Delpini, presidiu uma Vigília Missionária no Duomo de Milão, por ocasião do Dia Mundial das Missões, celebrado no domingo, 22 de outubro.

Nesta ocasião, o Arcebispo abençoou 18 fieis da Arquidiocese (presbíteros, religiosos e leigos) que partirão em missão para diversos destinos ao redor do mundo.

Procissão de entrada
Sinal da cruz
Saudação

Homilia do Arcebispo

Excelência e eficácia da Liturgia

Continuando as postagens sobre as reflexões litúrgicas publicadas pela Rádio Vaticano, segue o texto divulgado na quarta-feira dia 18 de outubro:

No nosso espaço “Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II”, vamos continuar a tratar no programa de hoje sobre a renovação litúrgica trazida pelo Concílio.
No programa passado, Padre Gerson Schmidt nos trouxe em sua reflexão as cinco maneiras de Cristo estar presente na celebração eucarística: pelo ministro que celebra, nas espécies eucarísticas, nos sacramentos, na Palavra e na comunidade de amor.
Na edição de hoje deste nosso espaço, o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre nos fala sobre “Excelência e eficácia da Liturgia”:
Comentamos anteriormente as presenças de Cristo na Liturgia, na ação eucarística, comentando a Constituição Sacrossanctum Concilium, sobre a renovação da Liturgia, em seu número 7.  Neste número fala de 5 presenças de Cristo na liturgia, em especial na Santa Missa: Presente Cristo na liturgia pelo ministro que celebra, presente na espécies eucaristias, no sacramento como tal, na sua palavra e na comunidade de dois ou mais reunidos em seu nome. Arriscamos ainda em afirmar aqui, nesse espaço, uma sexta presença de Cristo pelo amor vivido, construído, celebrado. Onde está o amor, ali está Deus.
Na segunda parte desse número 07 da Sacrossanctum Concilium há algo importante que gostaríamos aqui de destacar. Diz assim o documento conciliar da renovação litúrgica:
“Com razão, portanto, a liturgia é considerada como exercício da função sacerdotal de Cristo. Ela simboliza através de sinais sensíveis e realiza em modo próprio a cada um a santificação dos homens; nela o corpo místico de Jesus Cristo, cabeça e membros, presta a Deus o culto público integral. Por isso, toda celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e do seu corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra ação da Igreja iguala, sob o mesmo título e grau” (SC, 07).
Em outras palavras: A liturgia, como exercício da função sacerdotal de Cristo cabeça realiza, em modo próprio a cada um, a santificação dos homens, membros do Corpo Místico. Diz mais nessa declaração conciliar: que não existe outra ação da Igreja mais eficaz e sagrada do que a Santa Missa. Palavras textuais do SC: “é uma ação sagrada por excelência”. É o ponto de convergência de toda a ação da Igreja.
A Eucaristia é cume e ápice de toda a obra da Igreja, de toda a ação pastoral, de toda a obra de evangelização. É o que vemos claramente descrito, um pouco mais adiante, no número 10 da SC: “Contudo, a Liturgia é o cimo - o cume para o qual se dirige a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte donde emana toda a sua força.
Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo batismo, se reúnam em assembleia, louvem a Deus na Igreja, participem no sacrifício e comam a Ceia do Senhor” (SC,10).  E completa esse mesmo número assim: “Da liturgia, portanto, e particularmente da eucaristia, como de uma fonte, corre sobre nós a graça, e por meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em Cristo e a glorificação de Deus, a que se ordenam como a seu fim todas as outras obras da Igreja”.
Tudo emana, converge e se impulsiona por meio da Eucaristia. “A missa é um ato divino em volta do qual gravita a vida da Igreja, e de que é a irradiação: o Centro onde ela recebe todos os impulsos e para o qual ela tende sem cessar; a nascente viva de onde ela emana e o oceano onde regressa. É sacrifício de Redenção, simultaneamente eterno e perpetuado no tempo, no Céu diante de Deus, na terra entre nós [1] .


[1] Jean du Ceur de Jesus D’elbée, Confiar no amor - Retiro de Vida Interior, tradução Maria da Soledade, Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, pp. 178-179.

Fonte: Rádio Vaticano - Programa Brasileiro

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

XXXVII Catequese do Papa sobre a esperança

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Esperança (37): A esperança cristã e a morte

Caríssimos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje gostaria de pôr em confronto a esperança cristã com a realidade da morte, uma realidade que a nossa civilização moderna tende a cancelar cada vez mais. Assim, quando a morte chega, seja para quem está próximo seja para nós mesmos, não estamos preparados, privados até de um “alfabeto” adequado para esboçar palavras com sentido acerca do seu mistério, que contudo permanece. Mesmo se os primeiros sinais de civilização humana transitaram precisamente através deste enigma. Poderíamos dizer que o homem nasceu com o culto dos mortos.
Outras civilizações, antes da nossa, tiveram a coragem de a encarar. Era um acontecimento contado pelos idosos às novas gerações, como uma realidade iniludível que obrigava o homem a viver para algo absoluto. O salmo 90 recita: «Ensinai-nos a contar assim os nossos dias, para que guiemos o coração na sabedoria» (v. 12). Contar os próprios dias faz com que o coração se torne sábio! Palavras que nos reconduzem a um realismo sadio, afastando o delírio da onipotência. O que somos? Somos «quase nada», diz outro salmo (cf. 88,48); os nossos dias passam velozes: mesmo se vivêssemos cem anos, no final teremos a impressão de que tudo foi um sopro. Muitas vezes ouvi idosos dizerem: “Para mim a vida passou como um sopro...”.
Assim a morte põe a nossa vida a nu. Faz-nos descobrir que as nossas ações de orgulho, ira e ódio eram vaidade: pura vaidade. Apercebemo-nos, desapontados, que não amamos o suficiente e que não procuramos o que era essencial. E, ao contrário, vemos o que de verdadeiramente bom semeamos: os afetos pelos quais nos sacrificamos, e que agora nos levam pela mão.
Jesus iluminou o mistério da nossa morte. Com o seu comportamento, autoriza-nos a sentir-nos pesarosos quando uma pessoa querida falece. Ele ficou «profundamente» perturbado diante do túmulo do amigo Lázaro, e «desatou a chorar» (Jo 11,35). Nesta sua atitude sentimos Jesus muito próximo, nosso irmão. Ele chorou pelo seu amigo Lázaro. E então Jesus reza ao Pai, fonte da vida, e ordena a Lázaro que saia do sepulcro. E assim acontece. A esperança cristã alimenta-se nesta atitude que Jesus assume contra a morte humana: mesmo estando presente na criação, ela é contudo uma cicatriz que deturpa o desígnio de amor de Deus, e o Salvador quer curar-nos dela.
Outros evangelhos narram acerca de um pai que tem a filha muito doente, e dirige-se com fé a Jesus para que a salve (cf. Mc 5,21-24.35-43). E não há figura mais comovedora do que a de um pai ou de uma mãe com um filho doente. E Jesus encaminha-se imediatamente com aquele homem, que se chamava Jairo. A um certo ponto chega alguém da casa de Jairo, dizendo que a menina morreu, e que não há mais necessidade de incomodar o Mestre. Mas Jesus diz a Jairo: «Não tenhas receio, crê somente» (Mc 5,36). Jesus sabe que aquele homem sente a tentação de reagir com raiva e desespero, porque a menina morreu, e recomenda-lhe que preserve a pequena chama que está acesa no seu coração: a fé. «Não tenhas receio, crê somente». “Não receies, unicamente continua a manter acesa aquela chama!”. E depois, quando chegaram a casa, despertará a menina da morte e restitui-la-á viva aos seus entes queridos.
Jesus põe-nos neste “ápice” da fé. Ao choro de Marta pela morte do irmão Lázaro contrapõe a luz de um dogma: «Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em Mim nunca morrerá. Crês tu nisto?» (Jo 11,25-26). É o que Jesus repete a cada um de nós, todas as vezes que a morte vem arrancar o tecido da vida e dos afetos. Toda a nossa existência se joga aqui, entre a vertente da fé e o precipício do medo. Jesus diz: “Eu não sou a morte, eu sou a ressurreição e a vida, crês tu nisto?, crês tu nisto?”. Nós, que hoje estamos aqui na Praça, cremos nisto?
Todos somos pequeninos e indefesos diante do mistério da morte. Contudo, que graça se naquele momento guardarmos no coração a pequena chama da fé! Jesus guiar-nos-á pela mão, assim como guiou pela mão a filha de Jairo, e repetirá mais uma vez: “Talitá kum”, “Menina, levanta-te!” (Mc 5,41). Di-lo-á a nós, a cada um de nós: “Levanta-te, ressurge!”. Agora, eu convido-vos a fechar os olhos e a pensar naquele momento: da nossa morte. Cada um de nós pense na própria morte, e imagine aquele momento que acontecerá, quando Jesus nos pegará na mão e nos disser: “Vem, vem comigo, levanta-te”. Terminará ali a esperança e será a realidade, a realidade da vida. Refleti bem: o próprio Jesus virá ter com cada um de nós e pegar-nos-á pela mão, com a sua ternura, a sua mansidão, o seu amor. E cada um repita no seu coração a palavra de Jesus: “Levanta-te, vem. Levanta-te, vem. Levanta-te, ressurge!”.
Esta é a nossa esperança diante da morte. Para quem crê, é uma porta que se abre de par em par; para quem duvida é uma brecha de luz que filtra por uma porta que não se fechou completamente. Mas será para todos nós uma graça, quando esta luz, do encontro com Jesus, nos iluminar.


Fonte: Santa Sé

800 anos dos franciscanos na Terra Santa

Entre os dias 16 e 18 de outubro, a Custódia Franciscana da Terra Santa celebrou os 800 anos da presença dos franciscanos na Terra Santa. Estes dias foram marcados por uma série de celebrações e conferências, que ocorreram na igreja do Santíssimo Salvador, sede da Custódia:

Dia 16: Vésperas presididas pelo Padre Michael Perry,
Ministro Geral dos Franciscanos

Hino
Salmodia
Evangelho
Homilia
 

sábado, 21 de outubro de 2017

Homilia: XXIX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Santo Agostinho
Sermão 113A
O que Deus te pede? Sua imagem

Buscas a imagem de Deus? Você a tem em si mesmo; o artífice não pode fazer a imagem de Deus, mas Deus pode fazer uma imagem de si mesmo. Não fez outro distinto de si mesmo, mas que te fez a ti a sua imagem. Adorando, pois, a imagem do homem que o artífice fez, profana a imagem de Deus, que Deus imprimiu em ti mesmo. Portanto, quando te chama para que voltes, quer devolver-te aquela imagem que tu, esfregando-a em certo modo com a ambição terrena, perdeste e obscureceste.
Daqui procede, irmãos, que Deus busque a sua imagem em nós. Isto foi o que recordou àqueles judeus que lhe apresentaram uma moeda. Quando lhe disseram: Senhor, é lícito pagar tributo a César?, sua primeira intenção era tentar-lhe; se dizia “é lícito”, seria acusado de querer que Israel vivesse sob maldição, ao querer que estivesse submetido a tributo, que estivesse sob o jugo de outro rei e pagasse impostos; se, porém, dizia “não é lícito pagar tributo”, lhe acusariam de ordenar algo contra o César e de ser o causante de que não pagassem os impostos devidos enquanto povo submetido.
Conheceu que lhe tentavam; conheceu, por assim dizer, a verdade para a falsidade e com poucas palavras deixou exposta a mentira procedente da boca dos mentirosos. Não emitiu a sentença contra eles por sua boca, mas deixou que eles mesmos a emitissem contra si, segundo o que está escrito: Por tuas palavras serás declarado justo e por elas declarado inocente. Por que me tentais, hipócritas?, ele lhes disse.
Mostrai-me a moeda. Mostraram-na para ele. De quem, disse, é a imagem e a inscrição? Responderam: De César. E ele: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Como César busca a sua imagem em sua moeda, assim Deus busca a sua em tua alma. Dai a César, disse, o que é de César. O que César te pede? Sua imagem. O que Deus te pede? Sua imagem. Porém, a do César está na moeda, a de Deus está em ti. Se alguma vez perdes a moeda, choras porque perdeste a imagem do César; e não choras quando adoras um ídolo sabendo que fazes uma injúria à imagem de Deus que reside em ti?


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 234-235. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São João Crisóstomo para este domingo clicando aqui.

Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões 2017

Papa Francisco
Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2017
A missão no coração da fé cristã

Queridos irmãos e irmãs!
O Dia Mundial das Missões concentra-nos, também este ano, na pessoa de Jesus, «o primeiro e maior evangelizador» (Paulo VI, Exort. Ap. Evangelii nuntiandi, 7), que incessantemente nos envia a anunciar o Evangelho do amor de Deus Pai, com a força do Espírito Santo. Este Dia convida-nos a refletir novamente sobre a missão no coração da fé cristã. De fato, a Igreja é, por sua natureza, missionária; se assim não for, deixa de ser a Igreja de Cristo, não passando duma associação entre muitas outras, que rapidamente veria exaurir-se a sua finalidade e desapareceria. Por isso, somos convidados a interrogar-nos sobre algumas questões que tocam a própria identidade cristã e as nossas responsabilidades de crentes, num mundo baralhado com tantas quimeras, ferido por grandes frustrações e dilacerado por numerosas guerras fratricidas, que injustamente atingem sobretudo os inocentes. Qual é o fundamento da missão? Qual é o coração da missão? Quais são as atitudes vitais da missão?

A missão e o poder transformador do Evangelho de Cristo, Caminho, Verdade e Vida
1. A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Este é uma Boa Nova portadora duma alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6). É Caminho que nos convida a segui-Lo com confiança e coragem. E, seguindo Jesus como nosso Caminho, fazemos experiência da sua Verdade e recebemos a sua Vida, que é plena comunhão com Deus Pai na força do Espírito Santo, liberta-nos de toda a forma de egoísmo e torna-se fonte de criatividade no amor.
2. Deus Pai quer esta transformação existencial dos seus filhos e filhas; uma transformação que se expressa como culto em espírito e verdade (cf. Jo 4,23-24), ou seja, numa vida animada pelo Espírito Santo à imitação do Filho Jesus para glória de Deus Pai. «A glória de Deus é o homem vivo» (Ireneu, Adversus haereses, IV, 20, 7). Assim, o anúncio do Evangelho torna-se palavra viva e eficaz que realiza o que proclama (cf. Is 55,10-11), isto é, Jesus Cristo, que incessantemente Se faz carne em cada situação humana (cf. Jo 1,14).

A missão e o kairós de Cristo
3. Por conseguinte, a missão da Igreja não é a propagação duma ideologia religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime. No mundo, há muitos movimentos capazes de apresentar ideais elevados ou expressões éticas notáveis. Diversamente, através da missão da Igreja, é Jesus Cristo que continua a evangelizar e agir; e, por isso, aquela representa o kairós, o tempo propício da salvação na história. Por meio da proclamação do Evangelho, Jesus torna-Se sem cessar nosso contemporâneo, consentindo à pessoa que O acolhe com fé e amor experimentar a força transformadora do seu Espírito de Ressuscitado que fecunda o ser humano e a criação, como faz a chuva com a terra. «A sua ressurreição não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual» (Exort. Ap. Evangelii gaudium, 276).
4. Lembremo-nos sempre de que, «ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (Bento XVI, Enc. Deus caritas est, 1). O Evangelho é uma Pessoa, que continuamente Se oferece e, a quem A acolhe com fé humilde e operosa, continuamente convida a partilhar a sua vida através duma participação efetiva no seu mistério pascal de morte e ressurreição. Assim, por meio do Batismo, o Evangelho torna-se fonte de vida nova, liberta do domínio do pecado, iluminada e transformada pelo Espírito Santo; através da Confirmação, torna-se unção fortalecedora que, graças ao mesmo Espírito, indica caminhos e estratégias novas de testemunho e proximidade; e, mediante a Eucaristia, torna-se alimento do homem novo, «remédio de imortalidade» (Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios, 20, 2).
5. O mundo tem uma necessidade essencial do Evangelho de Jesus Cristo. Ele, através da Igreja, continua a sua missão de Bom Samaritano, curando as feridas sanguinolentas da humanidade, e a sua missão de Bom Pastor, buscando sem descanso quem se extraviou por veredas enviesadas e sem saída. E, graças a Deus, não faltam experiências significativas que testemunham a força transformadora do Evangelho. Penso no gesto daquele estudante «dinka» que, à custa da própria vida, protege um estudante da tribo «nuer» que ia ser assassinado. Penso naquela Celebração Eucarística em Kitgum, no norte do Uganda – então ensanguentado pelas atrocidades dum grupo de rebeldes –, quando um missionário levou as pessoas a repetirem as palavras de Jesus na cruz: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (Mc 15,34), expressando o grito desesperado dos irmãos e irmãs do Senhor crucificado. Aquela Celebração foi fonte de grande consolação e de muita coragem para as pessoas. E podemos pensar em tantos testemunhos – testemunhos sem conta – de como o Evangelho ajuda a superar os fechamentos, os conflitos, o racismo, o tribalismo, promovendo por todo o lado a reconciliação, a fraternidade e a partilha entre todos.

A missão inspira uma espiritualidade de êxodo, peregrinação e exílio contínuos
6. A missão da Igreja é animada por uma espiritualidade de êxodo contínuo. Trata-se de «sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho» (Francisco, Exort. Ap. Evangelii gaudium, 20). A missão da Igreja encoraja a uma atitude de peregrinação contínua através dos vários desertos da vida, através das várias experiências de fome e sede de verdade e justiça. A missão da Igreja inspira uma experiência de exílio contínuo, para fazer sentir ao homem sedento de infinito a sua condição de exilado a caminho da pátria definitiva, pendente entre o «já» e o «ainda não» do Reino dos Céus.
7. A missão adverte a Igreja de que não é fim em si mesma, mas instrumento e mediação do Reino. Uma Igreja autorreferencial, que se compraza dos sucessos terrenos, não é a Igreja de Cristo, seu corpo crucificado e glorioso. Por isso mesmo, é preferível «uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças» (Ibid., 49).

Os jovens, esperança da missão
8. Os jovens são a esperança da missão. A pessoa de Jesus e a Boa Nova proclamada por Ele continuam a fascinar muitos jovens. Estes buscam percursos onde possam concretizar a coragem e os ímpetos do coração ao serviço da humanidade. «São muitos os jovens que se solidarizam contra os males do mundo, aderindo a várias formas de militância e voluntariado. (...) Como é bom que os jovens sejam “caminheiros da fé”, felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra!» (Ibid., 106). A próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em 2018 sobre o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional», revela-se uma ocasião providencial para envolver os jovens na responsabilidade missionária comum, que precisa da sua rica imaginação e criatividade.

O serviço das Obras Missionárias Pontifícias
9. As Obras Missionárias Pontifícias são um instrumento precioso para suscitar em cada comunidade cristã o desejo de sair das próprias fronteiras e das próprias seguranças, fazendo-se ao largo a fim de anunciar o Evangelho a todos. Através duma espiritualidade missionária profunda vivida dia-a-dia e dum esforço constante de formação e animação missionária, envolvem-se adolescentes, jovens, adultos, famílias, sacerdotes, religiosos e religiosas, bispos para que, em cada um, cresça um coração missionário. Promovido pela Obra da Propagação da Fé, o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário das comunidades cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da evangelização.

Fazer missão com Maria, Mãe da evangelização
10. Queridos irmãos e irmãs, façamos missão inspirando-nos em Maria, Mãe da evangelização. Movida pelo Espírito, Ela acolheu o Verbo da vida na profundidade da sua fé humilde. Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação.

Vaticano, 4 de junho - Solenidade de Pentecostes - de 2017.

FRANCISCO


Fonte: Santa Sé

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Solenidade da Dedicação do Duomo de Milão

No último dia 15 de outubro, terceiro domingo de outubro, o Arcebispo de Milão, Dom Mario Enrico Delpini, celebrou a Solenidade do aniversário da Dedicação do Duomo de Milão (Catedral de Santa Maria Nascente).

Em todas as dioceses, o aniversário da Dedicação da Catedral é celebrado como solenidade do Senhor na própria Catedral e como festa do Senhor no restante da Diocese.

Procissão de entrada

"Doze Kyries"
Acolhida do reitor do Duomo

Fotos da Canonização de 35 novos santos

No último dia 15 de outubro o Papa Francisco celebrou a Santa Missa do XXVIII Domingo do Tempo Comum, durante a qual canonizou 35 novos santos: André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e 27 Companheiros, Mártires (Brasil); Cristóvão, António e João, Mártires (México); Faustino Míguez (Espanha); Ângelo de Acri (Itália).

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Massimiliano Matteo Boiardi. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Imagens dos novos santos na Basílica de São Pedro
Procissão de entrada

Incensação

Homilia do Papa: Canonização de 35 novos santos

Santa Missa e Canonização dos Beatos:
André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e 27 Companheiros; Cristóvão, António e João; Faustino Míguez; Ângelo de Acri
Homilia do Papa Francisco
Praça de São Pedro
XXVIII Domingo do Tempo Comum (Ano A), 15 de outubro de 2017

A parábola que ouvimos fala-nos do Reino de Deus comparando-o a uma festa de núpcias (Mt 22,1-14). Protagonista é o filho do rei, o noivo, no qual facilmente se vislumbra Jesus. Na parábola, porém, nunca se fala da noiva, mas de muitos convidados, desejados e esperados: são eles que trazem o vestido nupcial. Tais convidados somos nós, todos nós, porque o Senhor deseja «celebrar as bodas» com cada um de nós. As núpcias inauguram uma comunhão total de vida: é o que Deus deseja ter com cada um de nós. Por isso o nosso relacionamento com Ele não se pode limitar ao dos devotados súditos com o rei, ao dos servos fiéis com o patrão ou ao dos alunos diligentes com o mestre, mas é, antes de tudo, o relacionamento da noiva amada com o noivo. Por outras palavras, o Senhor deseja-nos, procura-nos e convida-nos, e não se contenta com o nosso bom cumprimento dos deveres e a observância das suas leis, mas quer uma verdadeira e própria comunhão de vida conosco, uma relação feita de diálogo, confiança e perdão.

Esta é a vida cristã, uma história de amor com Deus, na qual quem toma gratuitamente a iniciativa é o Senhor e nenhum de nós pode gloriar-se de ter a exclusividade do convite: ninguém é privilegiado relativamente aos outros, mas cada um é privilegiado diante de Deus. Deste amor gratuito, terno e privilegiado, nasce e renasce incessantemente a vida cristã. Podemos interrogar-nos se, ao menos uma vez por dia, confessamos ao Senhor o amor que Lhe temos; se, entre tantas palavras de cada dia, nos lembramos de Lhe dizer: «Amo-Vos, Senhor. Vós sois a minha vida». Com efeito, se se perde de vista o amor, a vida cristã torna-se estéril, torna-se um corpo sem alma, uma moral impossível, um conjunto de princípios e leis a respeitar sem um porquê. Ao contrário, o Deus da vida espera uma resposta de vida, o Senhor do amor espera uma resposta de amor. No livro do Apocalipse Ele, dirigindo-Se a uma das Igrejas, faz-lhe concretamente esta censura: «Abandonaste o teu primitivo amor» (2,4). Aqui está o perigo: uma vida cristã rotineira, onde nos contentamos com a «normalidade», sem zelo nem entusiasmo e com a memória curta. Em vez disso, reavivemos a memória do primitivo amor: somos os amados, os convidados para as núpcias, e a nossa vida é um dom, sendo-nos dada em cada dia a magnífica oportunidade de responder ao convite.

Mas o Evangelho adverte-nos: o convite pode ser recusado. Muitos convidados disseram que não, porque estavam presos aos próprios interesses: «eles, sem se importarem – diz o texto –, foram um para o seu campo, outro para o seu negócio» (Mt 22,5). Uma palavra reaparece: seu; é a chave para entender o motivo da recusa. De facto, os convidados não pensavam que as núpcias fossem tristes ou chatas, mas simplesmente «não se importaram»: viviam distraídos com os seus interesses, preferiam ter qualquer coisa em vez de se comprometer, como o amor exige. Vemos aqui como se afasta do amor, não por malvadez, mas porque se prefere o seu: as seguranças, a autoafirmação, as comodidades... Então reclinamo-nos nas poltronas dos lucros, dos prazeres, de qualquer passatempo que nos faça estar um pouco alegres. Mas deste modo envelhece-se depressa e mal, porque se envelhece dentro: quando o coração não se dilata, fecha-se, envelhece. E quando tudo fica dependente do próprio eu – daquilo com que concordo, daquilo que me serve, daquilo que pretendo –, tornamo-nos rígidos e maus, reagimos maltratando por nada, como os convidados do Evangelho que chegam ao ponto de insultar e até matar (cf. v. 6) aqueles que levaram o convite, apenas porque os incomodavam.

Assim, o Evangelho pergunta-nos de que parte estamos: da parte do próprio eu ou da parte de Deus? Pois Deus é o oposto do egoísmo, da autorreferencialidade. Como nos diz o Evangelho, perante as contínuas recusas, os fechamentos em relação aos seus convites, Ele prossegue, não adia a festa. Não se resigna, mas continua a convidar. Vendo os «nãos», não fecha a porta, mas inclui ainda mais. Às injustiças sofridas, Deus responde com um amor maior. Nós muitas vezes, quando somos feridos por injustiças e recusas, incubamos ressentimento e rancor. Ao contrário Deus, ao mesmo tempo que sofre com os nossos «nãos», continua a relançar, prossegue na preparação do bem mesmo para quem faz o mal. Porque assim é o amor, faz o amor; porque só assim se vence o mal. Hoje, este Deus que não perde jamais a esperança, compromete-nos a fazer como Ele, a viver segundo o amor verdadeiro, a superar a resignação e os caprichos de nosso «eu» suscetível e preguiçoso.

Há um último aspecto que o Evangelho destaca: o vestido dos convidados, que é indispensável. Com efeito, não basta responder uma vez ao convite, dizer «sim» e… chega! Mas é preciso vestir o costume próprio, é preciso o hábito do amor vivido cada dia. Porque não se pode dizer «Senhor, Senhor», sem viver e praticar a vontade de Deus (cf. Mt 7,21). Precisamos de nos revestir cada dia do seu amor, de renovar cada dia a opção de Deus. Os Santos canonizados hoje, sobretudo os numerosos Mártires, indicam-nos esta estrada. Eles não disseram «sim» ao amor com palavras e por um certo tempo, mas com a vida e até ao fim. O seu hábito diário foi o amor de Jesus, aquele amor louco que nos amou até ao fim, que deixou o seu perdão e as suas vestes a quem O crucificava. Também nós recebemos no Batismo a veste branca, o vestido nupcial para Deus. Peçamos a Ele, pela intercessão destes nossos irmãos e irmãs santos, a graça de optar por trazer cada dia esta veste e de a manter branca. Como consegui-lo? Antes de mais nada, indo sem medo receber o perdão do Senhor: é o passo decisivo para entrar na sala das núpcias e celebrar a festa do amor com Ele.


Fonte: Santa Sé.