terça-feira, 26 de março de 2013

Angelus do Papa: V Domingo da Quaresma - Ano C

Papa Francisco
Angelus
Praça de São Pedro
Domingo, 17 de março de 2013

Irmãos e irmãs, boa tarde!
Hoje, depois do primeiro encontro na quarta-feira passada, posso dirigir de novo a minha saudação a todos. E sinto-me feliz por fazê-lo ao domingo, no dia do Senhor. É bom e importante para nós, cristãos, encontrarmo-nos ao domingo, saudarmo-nos, falarmo-nos como agora aqui, nesta praça: uma praça que, graças aos mass-media, tem as dimensões do mundo.
Neste V Domingo da Quaresma, o Evangelho apresenta-nos o episódio da mulher adúltera (cf. Jo 8,1-11), que Jesus salva da condenação à morte. Impressiona o comportamento de Jesus: não ouvimos palavras de desprezo, não ouvimos palavras de condenação, mas apenas palavras de amor, de misericórdia, que convidam à conversão: «Também Eu não te condeno. Vai e doravante não tornes a pecar» (v. 11). Irmãos e irmãs, o rosto de Deus é o de um pai misericordioso, que sempre tem paciência. Já pensastes na paciência de Deus, na paciência que Ele tem com cada um de nós? É a sua misericórdia. Sempre tem paciência, tanta paciência conosco: compreende-nos, está à nossa espera; não se cansa de nos perdoar, se soubermos voltar para Ele com o coração contrito. «Grande é a misericórdia do Senhor», diz o salmo.
Nestes dias, pude ler o livro de um Cardeal – o Cardeal Kasper, um teólogo estupendo, um bom teólogo – sobre a misericórdia. Aquele livro fez-me muito bem. (Não julgueis que estou a fazer publicidade dos livros dos meus Cardeais, porque não é isso…!) É que [o livro] me fez mesmo bem, muito bem... O Cardeal Kasper dizia que a melhor sensação que podemos ter é sentir misericórdia: esta palavra muda tudo, muda o mundo. Um pouco de misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo. Precisamos de compreender bem esta misericórdia de Deus, este Pai misericordioso que tem tanta paciência... Recordemos o profeta Isaías, quando afirma: mesmo que os nossos pecados fossem vermelhos escarlate, o amor de Deus torná-los-ia brancos como a neve. Como é bela a misericórdia! Lembro-me que tinha sido feito Bispo há pouco, quando, no ano de 1992, chegou a Buenos Aires a imagem de Nossa Senhora de Fátima e organizou-se uma grande Missa para os doentes. Eu estive a confessar durante aquela Missa. E, quase no fim da Missa, levantei-me porque tinha que ir administrar a Crisma. Veio ter comigo uma mulher idosa, humilde, muito humilde, com mais de oitenta anos. Olhei para ela e disse-lhe: «Avó – na nossa região é costume tratar os idosos assim: por avó –, quer confessar-se?» «Sim», respondeu-me. «Mas… não tem pecados!». E ela disse-me: «Todos temos pecados...». «Decerto o Senhor não os perdoa...». «O Senhor perdoa tudo», retorquiu-me segura. «E como é que a senhora o sabe?» «Se o Senhor não perdoasse tudo, o mundo não existiria». Senti uma vontade enorme de lhe perguntar: «Diga-me, senhora! Estudou na [Universidade] Gregoriana?» Efetivamente, aquela é a sabedoria que dá o Espírito Santo: a sabedoria interior rumo à misericórdia de Deus. Não esqueçamos esta verdade: Deus nunca Se cansa de nos perdoar; nunca! «Mas então, padre, onde está o problema?» Bem, o problema está em nós que nos cansamos e não queremos, cansamo-nos de pedir perdão. Ele nunca se cansa de perdoar, mas nós às vezes cansamo-nos de pedir perdão. Não nos cansemos jamais, nunca nos cansemos! Ele é o Pai amoroso que sempre perdoa, cujo coração é cheio de misericórdia por todos nós. E, por nossa vez, aprendamos também a ser misericordiosos para com todos. Invoquemos a intercessão de Nossa Senhora que teve nos seus braços a Misericórdia de Deus feita homem.
Rezemos agora, todos juntos, o Angelus...

[Depois do Angelus]
Dirijo uma cordial saudação a todos os peregrinos. Obrigado pelo vosso acolhimento e as vossas orações. Rezai por mim – vo-lo peço! Renovo o meu abraço aos fiéis de Roma e estendo-o a todos vós que viestes de várias partes da Itália e do mundo, bem como a quantos estão unidos conosco através dos meios de comunicação. Escolhi o nome do padroeiro da Itália, São Francisco de Assis, e isto reforça a minha ligação espiritual com esta terra, onde – como sabeis – tem origem a minha família. Mas Jesus chamou-nos para fazermos parte de uma nova família: a sua Igreja; estamos nesta família de Deus, caminhando juntos pela senda do Evangelho. Que o Senhor vos abençoe; que Nossa Senhora vos guarde! Não vos esqueçais disto: o Senhor nunca se cansa de perdoar! Somos nós que nos cansamos de pedir o perdão.
Um bom domingo e bom almoço!


Fonte: Santa Sé

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