sábado, 31 de março de 2012

O sentido do Domingo de Ramos

A Semana Santa inicia-se com a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Neste dia a Igreja celebra dois grandes mistérios: a entrada do Senhor em Jerusalém e sua Paixão, como salientado pelo próprio título da celebração. Interessante notar que este é o único domingo do ano no qual se faz memória da Paixão do Senhor.


O mistério da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém é evidenciado com a bênção e a procissão de ramos. Ao entrar na Cidade Santa montado em um jumentinho, Jesus é reconhecido como o Messias esperado e é aclamado pelo povo como tal. O grito “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor” é uma profissão de fé no Cristo Salvador.

Mas note-se que Cristo vem montado em um jumentinho, a montaria das pessoas mais simples. A realeza de Cristo manifesta-se, assim, na sua humildade, humildade esta que se manifestará de forma ainda mais profunda na sua entrega livre à morte na cruz. Cristo, como Messias que é, vem inaugurar o novo reino, não político, mas espiritual, reino de perdão e amor.


Esta celebração não é mera recordação de um acontecimento passado, mas sua atualização. Somos chamados “hoje” a professar nossa fé em Cristo, nosso Senhor e Salvador. Devemos estender diante dele nossos ramos espirituais e aclamá-lo com a simplicidade das crianças, que manifestaram em sua alegria a esperança do Reino de Deus.

O sinal litúrgico da procissão evidencia, primeiramente, esta alegria messiânica no Cristo Salvador. Mas, ao mesmo tempo, remete ao segundo aspecto desta celebração: a Paixão do Senhor. Cristo de fato caminha no meio de nós e entra triunfante em Jerusalém, mas em última instância caminha livremente para a sua Paixão.


O mistério da Paixão do Senhor se faz presente em toda a liturgia deste dia, de modo particular na leitura da narrativa da Paixão. Mas a Paixão não deve ser compreendida como algo negativo, mas como o mais sublime ato de amor de Cristo por toda a humanidade. Sua escolha livre por nós libertou-nos do pecado e da morte.

Ao encaminhar-se para a Jerusalém celeste, vamos alegres na certeza de que Cristo veio ao mundo para nos salvar. Mas nunca devemos nos esquecer que esta salvação se deu justamente porque Cristo entregou a sua vida para dar-nos uma vida nova.

Celebrar a Paixão do Senhor é também celebrar a sua Ressurreição. Morte e Ressurreição são duas realidades inseparáveis de um só e grande mistério: o Mistério Pascal. Pela sua entrega na cruz, Cristo vence o pecado e a morte e abre-nos a esperança da ressurreição e da vida eterna. Sabemos que “se, pois, morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele” (Rm 6, 8).


Que a contemplação destes mistérios ajude-nos a caminhar ao longo da Semana Santa em comunhão com Cristo, meditando estes grandes acontecimentos de nossa salvação, cuja celebração culminará no Tríduo Pascal do Senhor Crucificado, Sepultado e Ressuscitado.


FONTE:

BERGAMINI, A. Cristo, festa da Igreja: O Ano Litúrgico. São Paulo: Paulinas, 1994. p. 295-298.

A história do Domingo de Ramos

“A Semana Santa tem início no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, que une em um todo o triunfo real de Cristo e o anúncio da Paixão” (Carta Circular Paschalis Sollemnitatis, n. 28).

Como seu próprio nome indica, o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor (Dominica in Palmis de Passione Domini), celebração que abre a Semana Santa, é fruto de duas tradições:

- a tradição oriental, que celebra neste dia a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, episódio narrado nos quatro Evangelhos (Mt 21,1-11; Mc 11,1-10; Lc 19,28-40; Jo 12,12-16), à luz da profecia de Zc 9,9-10 (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 559-560);

- e a tradição ocidental, que enfatiza o memorial da Paixão do Senhor.

A entrada messiânica de Cristo em Jerusalém (Hippolyte Flandrin)

“Glória, louvor e honra a ti, Cristo Rei”: O Domingo de Ramos no Oriente

O testemunho mais antigo da celebração do Domingo de Ramos é, naturalmente, de Jerusalém. A peregrina Etéria (ou Egéria), que visitou a Terra Santa no final do século IV, descreve-nos as celebrações desse dia em seu “diário de viagem” (Itinerarium ad loca sancta):

No “domingo que dá entrada à semana pascal” os fiéis reúnem-se à tarde no Monte das Oliveiras, onde “dizem-se hinos e antífonas apropriadas àquele dia e ao lugar, e igualmente leituras”. À hora undécima (17h) proclama-se o Evangelho da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, provavelmente segundo Mateus, considerado o destaque que Etéria dá às crianças no relato (cf. Mt 21,15-16).

Após o Evangelho, forma-se a procissão desde o alto do Monte das Oliveiras até a Anástasis (Basílica do Santo Sepulcro), ao canto de hinos e antífonas. Todos levam ramos de oliveira ou de palmeira nas mãos.

Chegando à Basílica da Ressurreição, celebra-se a oração da tarde (lucernário), recita-se uma oração junto à Cruz (isto é, junto ao Calvário), e o Bispo abençoa os fiéis [1].

Procissão de ramos em Jerusalém (um fiel agita um ramo de oliveira)

De uma comemoração local da Igreja de Jerusalém, o Domingo de Ramos logo se difundiu entre as demais Igrejas Orientais.

O Ocidente, por sua vez, teve contato com esta celebração através da Espanha e da Gália no início do século VII. A partir de Santo Isidoro de Sevilha (†636) o domingo antes da Páscoa é chamado Dominica Palmarum ou Dominica in Palmis (Domingo de Ramos), ou, mais raramente, Dominica Hosanna [2].

Apesar do nome, as Igrejas ocidentais relacionavam o domingo antes da Páscoa com a dupla característica da Quaresma, batismal e penitencial:

quarta-feira, 28 de março de 2012

Via Sacra no Coliseu 2005: Meditações do Cardeal Ratzinger

Para a última Via Sacra no Coliseu do pontificado de São João Paulo II, na noite da Sexta-feira Santa, 25 de março de 2005, Sexta-feira Santa, as meditações foram preparadas pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, Decano do Colégio Cardinalício e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

O Papa não pode participar da celebração, que foi presidida pelo Cardeal Camilo Ruini, Vigário Geral para a Diocese de Roma. O Pontífice acompanhou a celebração da sua capela privada, pela televisão, segurando uma cruz em suas mãos. Este viria a falecer poucos dias depois, sendo sucedido pelo Cardeal Ratzinger, que assumiu o nome de Bento XVI.

Cardeal Joseph Ratzinger (futuro Papa Bento XVI)

Confira a seguir o texto das meditações, acompanhado das ilustrações do livreto da celebração, tomadas da Via Sacra da Catedral de Pádua (Itália), obra de um autor anônimo do século XVIII.

Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via Sacra no Coliseu
Sexta-feira Santa, 25 de março de 2005
Meditações e orações do Cardeal Joseph Ratzinger

Apresentação

O leitmotiv desta Via Sacra é evidenciado já na oração inicial e, depois, na XIV estação. Trata-se da afirmação pronunciada por Jesus no Domingo de Ramos - logo após sua entrada em Jerusalém - como resposta à súplica de alguns gregos que queriam vê-Lo: «Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto» (Jo 12,24). Deste modo, o Senhor interpreta todo o seu caminho terreno como o percurso do grão de trigo que, só através da morte, chega a produzir fruto. Interpreta a sua vida terrena, a sua Morte e a sua Ressurreição de modo a desembocar na Santíssima Eucaristia, na qual está compendiado todo o seu mistério. Uma vez que Ele viveu a sua Morte como uma oferta de Si mesmo, como um ato de amor, o seu corpo foi transformado na nova vida da Ressurreição. Por isso, Ele, o Verbo encarnado, tornou-Se agora o nosso alimento, que conduz à verdadeira vida, à vida eterna. O Verbo eterno - a força criadora da vida - desceu do Céu, tornando-Se assim o verdadeiro maná, o pão que o homem comunga na fé e no sacramento. Deste modo, a Via Sacra torna-se num caminho que introduz dentro do mistério eucarístico: a piedade popular e a piedade sacramental da Igreja interligam-se e fundem-se. A devoção da Via-Sacra pode ser vista como um caminho que leva à comunhão profunda, espiritual com Jesus, sem a qual ficaria vazia a comunhão sacramental. A Via Sacra apresenta-se como um caminho «mistagógico».

Contraposta a esta visão, aparece a compreensão puramente sentimental da Via Sacra, para cujo perigo, na VIII estação, o Senhor alerta as mulheres de Jerusalém que choram por Ele. O mero sentimento não basta; a Via Sacra deveria ser uma escola de fé, daquela fé que, por sua natureza, «atua pela caridade» (Gl 5,6). Mas isto não quer dizer que se deva excluir o sentimento. Segundo os Padres da Igreja, o primeiro defeito dos pagãos é precisamente a sua falta de coração; por isso, os Padres repropõem a visão de Ezequiel que comunica ao povo de Israel a promessa feita por Deus de tirar do peito deles o coração de pedra e dar-lhes um coração de carne (cf. Ez 11,19). A Via-Sacra mostra-nos um Deus que partilha pessoalmente os sofrimentos dos homens, cujo amor não se mantém impassível nem distante, mas desce ao nosso meio, até à morte na cruz (cf. Fl 2,8). Este Deus que partilha os nossos sofrimentos, o Deus que Se fez homem para levar a nossa cruz, quer transformar o nosso coração de pedra chamando-nos a partilhar os sofrimentos alheios, quer dar-nos um «coração de carne» que não fique impassível diante dos sofrimentos alheios, mas se deixe comover e nos leve ao amor que cura e ajuda. Isto reconduz-nos às palavras de Jesus sobre o grão de trigo que Ele mesmo transforma em fórmula basilar da existência cristã: «Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo a conservará para a vida eterna» (Jo 12,25; cf. Mt 16,25; Mc 8,35; Lc 9,24; 17,33). Daqui se vê também o alcance do significado da frase que precede, nos Evangelhos Sinóticos, esta afirmação central da sua mensagem: «Se alguém quiser vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me» (Mt 16,24). Com todas estas palavras, o próprio Jesus nos dá a interpretação da «Via Sacra», ensina-nos como devemos fazê-la e segui-la: a Via Sacra é o caminho da perda de nós mesmos, isto é, o caminho do amor verdadeiro. Ele precedeu-nos neste caminho; este é o caminho que a devoção da Via Sacra nos quer ensinar. E isto leva-nos mais uma vez ao grão de trigo, à Santíssima Eucaristia, na qual se torna continuamente presente entre nós o fruto da Morte e da Ressurreição de Jesus. Na Eucaristia, Ele caminha conosco, como outrora com os discípulos de Emaús, fazendo-Se constantemente nosso contemporâneo.

O Papa João Paulo II acompanha a Via Sacra (2005)

Oração inicial

V. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
R. Amém.

A Via Sacra: História, teologia, celebração

“O Cristo por nós padeceu, deixou-nos o exemplo a seguir. Sigamos, portanto, seus passos!” (1Pd 2,21).

Uma das práticas de piedade mais queridas pelos fiéis, sobretudo no Ocidente, é a Via Sacra (Caminho Sagrado), também conhecida como Via Crucis (Caminho da Cruz) ou Via Dolorosa (Caminho das Dores).

Através da Via Sacra, acompanhamos nosso Senhor Jesus Cristo nos últimos passos de sua vida terrena, isto é, no mistério da sua Paixão e Morte. Assim, fazemos eco à exortação do próprio Senhor: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me” (Lc 9,23; cf. Mt 16,24; Mc 8,34).

Cristo carregando a Cruz (El Greco)

A seguir traçaremos brevemente um histórico dessa devoção, celebrada sobretudo nas sextas-feiras do Tempo da Quaresma e na Semana Santa, mas que pode ser recitada em qualquer dia ou tempo litúrgico.

1. “Pré-história” da Via Sacra: As peregrinações a Jerusalém e os Montes Sacros

A origem da devoção da Via Sacra encontra-se, naturalmente, em Jerusalém: já no século IV a peregrina Etéria (ou Egéria) testemunha em seu Itinerarium as diversas procissões aos lugares associados aos mistérios da “Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus”.

As peregrinações à Terra Santa ganhariam um novo impulso no século XII, com a fundação do Reino de Jerusalém no contexto das Cruzadas. Nesse mesmo período a devoção à Paixão do Senhor é reforçada pela pregação de vários santos - como São Bernardo de Claraval (†1153), São Francisco de Assis (†1226) e São Boaventura (†1274) - contra a heresia dos cátaros, os quais negavam o valor salvífico da Morte de Cristo.

No ano de 1342, com a Bula Gratias Agimus, o Papa Clemente VI (†1352) instituiu a Custódia Franciscana da Terra Santa, confiando o cuidado dos “lugares santos” à Ordem dos Frades Menores. Assim, seriam os franciscanos os grandes promotores da devoção da Via Sacra, marcando a chamada “Via Dolorosa” com os primeiros oratórios em honra dos eventos da Paixão: o encontro de Jesus com Simão de Cirene, com as mulheres...

Placa indicando a "Via Dolorosa" em Jerusalém

Para saber mais, confira nossa série de postagens sobre os santuários da Terra Santa clicando aqui.

Os peregrinos que iam à Terra Santa, ao retornar aos seus países de origem, desejavam recordar os lugares visitados, sobretudo depois que as peregrinações se tornaram mais difíceis com o fim do Reino cristão de Jerusalém (1291) e com a queda de Constantinopla (1453).

Assim, surgiram na Europa os chamados “Montes Sacros”, conjuntos de pequenas capelas, geralmente edificadas em uma colina, que reproduziam os vários lugares da Paixão em Jerusalém: o Cenáculo, o Getsêmani, o Calvário, o sepulcro...

sábado, 24 de março de 2012

O Terceiro Escrutínio e a Entrega do Pai nosso

O Terceiro Escrutínio

No Quinto Domingo da Quaresma, seguindo as etapas do Tempo da Purificação e Iluminação dos catecúmenos, celebra-se o Terceiro Escrutínio (Ritual da Iniciação Cristã de Adultos - RICA, nn. 174-180). Como já dito anteriormente, os escrutínios têm uma finalidade espiritual, purificando os corações dos catecúmenos e fortalecendo-os nas tentações e orientando-os em seu propósito de unir-se a Cristo.

Nas comunidades em que se celebram os escrutínios, tomam-se sempre as leituras do ano A, centradas na ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-45 ou Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45) e no simbolismo da vida. As orações podem ser tomadas da Missa ritual para os escrutínios (Missal Romano, pp. 788-791), sobretudo se, por razões pastorais, os escrutínios não forem celebrados no domingo.


Tudo se faz como no Primeiro e Segundo Escrutínios:

A Missa celebra-se como de costume até a homilia. Após esta, os eleitos com seus padrinhos aproximam-se do sacerdote, que convida a assembleia a rezar alguns instantes em silêncio por eles. Em seguida, convida os eleitos a ajoelharem-se ou inclinarem-se para a oração.

Enquanto os padrinhos colocam a mão direita sobre o ombro dos eleitos, um leitor profere as preces pelos eleitos, utilizando uma das fórmulas propostas pelo RICA (n. 177 ou 386).

Concluídas as preces, o sacerdote recita a oração de exorcismo sobre os eleitos (RICA, n. 178 ou 387) e, se possível, impõe as mãos sobre cada um dos eleitos.

O rito encerra-se com a despedida dos catecúmenos, que devem deixar a igreja, tal como no rito da inscrição do nome, a menos que tal gesto gere muita dificuldade.

A celebração da Missa, após a saída dos catecúmenos, prossegue com a oração dos fiéis (que, se oportuno, pode ser omitida), a Profissão de Fé e o Ofertório, a partir do qual faz-se tudo como de costume.

A Entrega do Pai Nosso

Durante a Quinta Semana da Quaresma pode realizar-se a Entrega da Oração do Senhor, isto é, do Pai Nosso, a menos que tal entrega tenha sido realizada durante o período de catequese (cf. RICA, n. 188-192).


A Entrega pode ser feita na Missa ou em uma Liturgia da Palavra. As leituras podem ser as do dia ou, se não forem apropriadas, as propostas no RICA (n. 190).

Após a aclamação ao Evangelho, os catecúmenos aproximam-se do sacerdote, que convida-os a ouvirem a oração do Senhor. Em seguida, proclama o Evangelho (Mt 6,9-13). Após este, segue a homilia.

Embora não seja previsto, é comum em algumas comunidades entregar aos catecúmenos o texto do Pai Nosso em um pedaço de papel. Onde houver este costume, pode ser mantido.

Após a homilia, os catecúmenos ajoelham-se e o sacerdote recita a oração sobre os catecúmenos. Se for celebrada a Missa, segue-se a despedida dos catecúmenos e a Missa prossegue a partir da Liturgia Eucarística. Se a entrega foi feita em uma Liturgia da Palavra, o sacerdote abençoa e despede a todos.


REFERÊNCIA:
Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA). Tradução portuguesa para o Brasil da edição típica. São Paulo: Paulus, 2007, pp. 77-81 e 56-61.

Postagem atualizada em 19 de fevereiro de 2018.

Confira também:
O Rito da Eleição ou da Inscrição do Nome
O Primeiro Escrutínio e a Entrega do Símbolo
O Segundo Escrutínio

sexta-feira, 23 de março de 2012

A Grande Quaresma na Tradição Bizantina: Os Dois Últimos Domingos

4º Domingo: Domingo de São João Clímaco

No Quarto Domingo da Quaresma os fieis são convidados a meditar sobre a figura de São João Clímaco. João Clímaco viveu entre 579 e 649, descobrindo muito jovem sua vocação para a vida monástica. Ingressando no Mosteiro do Monte Sinai, de onde foi eleito abade no final de sua vida, dedicou-se à oração e à penitência. O nome “Clímaco” refere-se à sua grande obra, a Escada para o Paraíso (em grego, Clímax ton Paradeison).


Sua obra está dividida em 30 capítulos, ou melhor, em 30 degraus que o monge deve percorrer para atingir a santidade. Ao longo da obra, São João Clímaco explica quais os vícios perigosos para os monges e quais as virtudes para vencê-los. Especialmente é necessário ao monge lutar constantemente contra os maus pensamentos que atrapalham a oração através da repetição constante de uma palavra (o nome de Jesus, por exemplo). É a chamada “Monologia”.

Apesar de ser uma obra destinada aos monges, a Escada para o Paraíso alcançou grande popularidade entre religiosos tanto do Oriente quanto do Ocidente. E igualmente os fieis cristãos são chamados a imitarem o exemplo de santidade de São João Clímaco e subir a escada que conduz ao paraíso, escada esta que implica na renúncia aos nossos vícios e na prática das virtudes.


Ofereceste-nos os teus ensinamentos como frutos sempre maduros, que deleitam os corações dos que os ouvem com atenção, ó sábio e bem-aventurado! São eles, com efeito, uma escada que conduz para a celeste gloria as almas dos que te honram com fé.

5º Domingo: Domingo de Santa Maria Egipcíaca

No Quinto Domingo da Grande Quaresma os fieis de rito bizantino celebram Santa Maria Egipcíaca, também conhecida como Santa Maria do Egito. Maria nasceu no Egito, no séculao V. Com apenas 12 anos saiu de casa e entregou-se à prostituição. Querendo conhecer a Terra Santa, Maria foi com um grupo de peregrinos cristãos, entregando seu corpo aos marinheiros como pagamento pela viagem.


Chegando à Terra Santa, Maria decidiu visitar a Basílica do Santo Sepulcro afim de adorar a Santa Cruz. Por diversas vezes tentou entrar na Basílica, mas alguma força invisível a impedia. Concluiu então que não podia entrar por estar manchada por muitos pecados. Imediatamente voltou-se para uma imagem da Virgem Maria que ali havia e humildemente implorou o perdão de Deus. Conseguiu, então, entrar sem dificuldade e adorou a Cruz.

Maria dirigiu-se então para o deserto além do Jordão, onde permaneceu por 47 anos fazendo penitência. Diz a tradição que os três pães que ela levou ao deserto bastaram-lhe para alimentá-la durante todo este tempo. Suas roupas contudo, teriam se deteriorado e seus cabelos crescido a tal ponto de substituírem as roupas.

Certa vez, um abade chamado Zózimo dirigiu-se para o deserto, desejando virar eremita. Este abade encontrou Maria em seu caminho, que contou-lhe sua história e implorou-lhe que a abençoasse. Pediu também que na próxima Quinta-feira Santa o Abade Zózimo lhe levasse a Sagrada Comunhão na margem do rio Jordão, o que ele fez piedosamente. Na ocasião, pediu ao Abade que fizesse o mesmo no ano seguinte.


Passado um ano, o abade dirigiu-se ao deserto para cumprir o prometido. Porém, sem encontrar Maria na margem do Jordão, Zózimo foi até a gruta onde ela habitava e encontrou-a morta. Diz a tradição que, não conseguindo Zózimo cavar a sepultura por ser velho e faltarem-lhe ferramentas, um leão aproximou-se mansamente e ajudou-o a cavar a sepultura.

Aprendamos de Santa Maria Egipcíaca que a penitência, o jejum e a oração ajudam-nos a vencer as nossas inclinações para o pecado e, assim, chegar um dia à vida eterna.

Em ti foi conservada com fidelidade a imagem de Deus, ó Maria; pois tomaste a Cruz e seguiste Cristo, ensinando, com o teu exemplo, a desprezar o corpo, porque mortal, e a cuidar da alma imortal. Por isso, ó Santa, tua alma se rejubila com os Anjos.


REFERÊNCIAS:

DONADEO, Maria. O Ano Litúrgico Bizantino. São Paulo: Ave Maria, 1998.

ROSSO, Stefano. La Celebrazione della Storia della Salvezza nel Rito Bizantino. Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2010.

SERBAI, Paulo. A Grande Quaresma na Igreja Ucraniana do Rito Bizantino. Trabalho de Conclusão de Curso de Teologia. Studium Theologicum: Curitiba, 1995.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Fotos das Vésperas do III Domingo da Quaresma no Vaticano

Oração diante do Sacrário
Procissão de Entrada
Salmodia
Homilia
Incensação do povo durante o Magnificat
Momento Ecumênico
Papa Bento XVI e D. Rowan Williams

Fonte: Santa Sé

Homilia do Papa Bento XVI nas Vésperas do III Domingo da Quaresma

Vésperas por ocasião da Visita do Arcebispo de Canterbury
Homilia do Papa Bento XVI
Basílica de São Gregório al Celio
Sábado, 10 de Março de 2012

Vossa Graça
Venerados Irmãos
Queridos Monges e Monjas Camaldulenses
Amados irmãos e irmãs!
É para mim motivo de grande alegria estar aqui hoje nesta Basílica de São Gregório «al Celio» para a solene celebração vespertina na memória do Trânsito de São Gregório Magno. Convosco, queridos Irmãos e Irmãs da família camaldulense, dou graças a Deus pelos mil anos desde a fundação da Sagrada Ermida de Camaldoli por parte de são Romualdo. Alegro-me profundamente pela presença, nesta particular circunstância, de Sua Graça o Dr. Rowan Williams, Arcebispo de Canterbury. Dirijo a minha saudação cordial a si, querido Irmão em Cristo, a cada um de vós, queridos Monges e Monjas, e a todos os presentes.
Ouvimos dois trechos de são Paulo. O primeiro, tirado da Segunda Carta aos Coríntios, está particularmente em sintonia com o tempo litúrgico que estamos a viver: a Quaresma. De facto, ele contém a exortação do Apóstolo a aproveitar do momento favorável para acolher a graça de Deus. O momento favorável é naturalmente aquele no qual Jesus Cristo veio revelar-nos e doar-nos o amor de Deus por nós, com a sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição. O «dia da salvação» é aquela realidade que são Paulo chama noutro texto a «plenitude dos tempos», o momento no qual Deus encarnado entra de modo muito singular no tempo e enche-o com a sua graça. Portanto compete a nós acolher este dom, que é o próprio Jesus: a sua Pessoa, a sua Palavra, o seu Santo Espírito. Além disso, sempre na primeira Leitura que ouvimos, são Paulo fala-nos também de si mesmo e do seu apostolado: de como ele se esforça por ser fiel a Deus no seu ministério, para que ele seja verdadeiramente eficaz e não seja um obstáculo à fé. Estas palavras fazem-nos pensar em são Gregório Magno, no testemunho luminoso que deu ao povo de Roma e a toda a Igreja com um serviço irrepreensível e cheio de zelo pelo Evangelho. Pode-se deveras aplicar a são Gregório quanto escreveu Paulo acerca de si: nele a graça de Deus não foi vã (cf. 1Cor 15,10). Na realidade, é este o segredo para a vida de cada um de nós: acolher a graça de Deus e consentir com todo o coração e com todas as forças a sua ação. É este o segredo também da verdadeira alegria, e da paz profunda.
A segunda Leitura, ao contrário, era tirada da Carta aos Colossenses. São as palavras – sempre tão comovedoras para o seu alento espiritual e pastoral – que o Apóstolo dirige aos membros daquela comunidade para os formar segundo o Evangelho, para que, independentemente do que fazemos, «em palavras e obras, tudo seja no nome do Senhor Jesus» (Cl 3,17). «Sede perfeitos» dissera o Mestre aos seus discípulos: e agora o Apóstolo exortava a viver segundo esta medida alta da vida cristã que é a santidade. Pode fazê-lo porque os irmãos aos quais se dirige são «escolhidos por Deus, santos e amados». Também aqui na base de tudo está a graça de Deus, há o dom da chamada, o mistério do encontro com Jesus vivo. Mas esta graça exige a resposta dos batizados: requer o compromisso de se revestir dos sentimentos de Cristo: ternura, bondade, humildade, mansidão, magnanimidade, perdão recíproco, e sobretudo, como síntese e coroamento, o ágape, o amor que Deus nos deu mediante Jesus e que o Espírito Santo derramou nos nossos corações. E para se revestir de Cristo é necessário que a sua Palavra habite entre nós e em nós com toda a sua riqueza, e em abundância. Num clima de constante ação de graças, a comunidade cristã alimenta-se da Palavra e eleva até Deus, como cântico de louvor, a Palavra que Ele mesmo nos doou. E cada ação, cada gesto, cada serviço, é realizado no âmbito desta relação profunda com Deus, no movimento interior do amor trinitário que desce até nós e volta para Deus, movimento que na celebração do Sacramento eucarístico encontra a sua forma mais alta.
Esta palavra ilumina também as felizes circunstâncias que nos veem aqui reunidos hoje, em nome de São Gregório Magno. Graças à fidelidade e à benevolência do Senhor, a Congregação dos Monges Camaldulenses da Ordem de São Bento pôde percorrer mil anos de história, alimentando-se quotidianamente da Palavra de Deus e da Eucaristia, tal como tinha ensinado o fundador são Romualdo, segundo o «triplex bonum» da solidão, da vida em comum e da evangelização. Figuras exemplares de homens e mulheres de Deus, como são Pier Damiani, Graziano – o autor do Decretum – são Bruno de Querfurt e os Cinco irmãos mártires, Rodolfo I e Rodolfo II, a beata Gherardesca, a Beata Giovanna da Bagno e o Beato Paolo Giustiniani: homens de ciência e de arte como Frei Mauro o Cosmógrafo, Lorenzo Monaco, Ambrogio Traversari, Pietro Delfino e Guido Grandi: historiadores ilustres como os Analistas Camaldulenses Giovanni Benedetto Mittarelli e Anselmo Costadoni; zelosos Pastores da Igreja, entre os quais sobressai o Papa Gregório XVI, mostraram os horizontes e a grande fecundidade da tradição camaldulense.
Cada fase da longa história dos Camaldulenses conheceu testemunhas fiéis do Evangelho, não só no silêncio do escondimento e da solidão e na vida comum partilhada com os irmãos, mas também no serviço humilde e generoso a todos. Particularmente fecundo foi o acolhimento oferecido pelas camaldulenses forasteiras. Na época do humanismo florentino os muros de Camaldoli acolheram as famosas disputationes, nas quais participavam grandes humanistas como Marsilio Ficino e Cristoforo Landino; nos anos dramáticos da segunda guerra mundial, os mesmos claustros propociaram o nascimento do famoso «Código de Camaldoli», uma das fontes mais significativas da Constituição da República Italiana. Não foram menos fecundos os anos do Concílio Vaticano II, durante os quais amadureceram entre os Camaldulenses personalidades de grande valor, que enriqueceram a Congregação e a Igreja e promoveram novos impulsos e estabelecimentos nos Estados Unidos da América, na Tanzânia, na Índia e no Brasil. Em tudo isto, era garantia de fecundidade o apoio de monges e monjas que acompanhavam as novas fundações com a oração constante, vivida profundamente na sua «clausura», algumas vezes até ao heroísmo.
A 17 de Setembro de 1993, o Beato Papa João Paulo II, encontrando os monges na sagrada Ermida de Camaldoli, comentava o tema do seu iminente Capítulo Geral, «Escolher a esperança, escolher o futuro», com estas palavras: «Escolher a esperança e o futuro significa, em síntese, escolher Deus... Significa escolher Cristo, esperança de cada homem». E acrescentava: «Isto verifica-se, em particular, naquela forma de vida que o próprio Deus suscitou na Igreja inspirando São Romualdo a fundar a Família beneditina de Camaldoli, com a característica complementaridade de Ermida e Mosteiro, vida solitária e vida cenobítica coordenadas entre si». O meu Beato Predecessor ressaltou ainda que «escolher Deus significa também cultivar humilde e pacientemente – aceitando, precisamente, os tempos de Deus – o diálogo ecumênico e o diálogo inter-religioso», sempre a partir da fidelidade ao carisma originário recebido de são Romualdo e transmitido através de uma tradição milenar e multiforme.
Encorajados pela visita e pelas palavras do Sucessor de Pedro, vós monges e monjas camaldulenses prosseguistes o vosso caminho procurando sempre de novo o justo equilíbrio entre o espírito eremítico e o cenobítico, entre a exigência de vos dedicardes totalmente a Deus na solidão e a de vos apoiardes na oração comum e acolher os irmãos para que possam haurir das nascentes da vida espiritual e julgar as vicissitudes do mundo com consciência deveras evangélica. Assim vós procurais obter aquela perfecta caritas que São Gregório Magno considerava ponto de chegada de cada manifestação da fé, compromisso que é confirmado pelo mote do vosso brasão: «Ego Vobis, Vos Mihi», síntese da fórmula de aliança entre Deus e o seu povo, e fonte da perene vitalidade do vosso carisma.
O mosteiro de São Gregório al Celio é o contexto romano no qual celebramos o milênio de Camaldoli com a presença de Sua Graça o Arcebispo de Canterbury que, juntamente conosco, reconhece este Mosteiro como lugar nativo do vínculo entre o Cristianismo nas Terras britânicas e a Igreja de Roma. A celebração de hoje é portanto conotada por um profundo caráter ecumênico que, como sabemos, que se tornaram pertence ao espírito camaldulense contemporâneo. Este Mosteiro camaldulense romano estabeleceu com Canterbury e com a Comunhão Anglicana, sobretudo depois do Concílio Vaticano II, vínculos que se tornaram tradicionais. Hoje pela terceira vez o Bispo de Roma encontra o Arcebispo de Canterbury na casa de são Gregório Magno. E é justo que assim seja, porque precisamente deste Mosteiro o Papa Gregório escolheu Agostinho e os seus quarenta monges para os enviar entre os Anglos para difundir o Evangelho, há pouco mais de mil e quatrocentos anos. A presença constante de monges neste lugar, e durante um período tão longo, é já em si mesma testemunho da fidelidade de Deus à sua Igreja, que somos felizes de poder proclamar ao mundo inteiro. Fazemos votos por que o sinal que juntos poremos diante do santo altar onde o próprio Gregório celebrava o Sacrifício eucarístico, permaneça não só como recordação do nosso encontro fraterno, mas também como estímulo para todos os fiéis, Católicos e Anglicanos, para que, visitando em Roma os sepulcros gloriosos dos santos Apóstolos e Mártires, renovem também o compromisso de rezar constantemente e de trabalhar pela unidade, para viver plenamente segundo aquele «ut unum sint» que Jesus dirigiu ao Pai.
Confiamos este desejo profundo, que temos a alegria de partilhar, à celeste intercessão de São Gregório Magno e de São Romualdo. Amém.

Fonte: Santa Sé

A Grande Quaresma na Tradição Bizantina: O Terceiro Domingo

3º Domingo: Domingo da Santa Cruz

A festa por excelência em louvor à Santa Cruz é, tanto no Oriente como no Ocidente, a da Exaltação da Santa Cruz, no dia 14 de Setembro. Mas, no Terceiro Domingo da Quaresma, a Gloriosa e Vivificante Cruz é exposta à veneração dos fieis como sinal da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. Esta vitória de Cristo é igualmente a nossa se aceitarmos carregar nossa cruz e perseverarmos nesta caminhada quaresmal de penitência e conversão.


A cruz é apresentada neste Domingo não como sinal de sofrimento, mas como sinal de vitória. Com efeito, a cruz é apresentada como um estímulo para os fieis, tendo em vista que este domingo marca a metade do período quaresmal. A recordação da cruz é uma antecipação e um anúncio das solenidades pascais que se aproximam. A cruz recorda o mistério pascal como um todo: a Morte-Ressurreição de Cristo são duas realidades inseparáveis, ambas simbolizadas pela cruz.

No final da Divina Liturgia, é realizada a Procissão e Adoração da Santa Cruz. Enquanto se entoa o Triságion (Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tende piedade de nós) forma-se a procissão, precedida pelo turiferário e pelos ceroferários, na qual o celebrante leva a cruz por toda a igreja, saindo da porta norte da iconostase. Retornando à frente do presbitério, o celebrante deposita a cruz sobre uma mesa no centro da igreja, onde se costuma colocar o proskinetárion (estante para o ícone da festa) e incensa a cruz. Esta mesa deve ser ornada com palmas e flores.


Colocando-se diante à cruz, isto é, voltado para o Oriente, o celebrante implora o perdão de Deus e abençoa com a cruz em direção ao Oriente. Enquanto o celebrante realiza a grande metânia, isto é, prostra-se encostando a testa no chão e levantando-se em seguida, o coro entoa por 40 vezes o Kyrie eleison (Senhor, tende piedade de nós).

Em seguida, coloca-se ao lado direito da mesa e procede-se da mesma forma, dirigindo uma prece pelo país e seus governantes e abençoando com a cruz na direção Sul.

Colocando-se atrás da mesa, o celebrante reza pelo Papa (pelo Patriarca, no caso dos ortodoxos), pelo Bispo, pelos presbíteros, diáconos e religiosos. Abençoa, então, na direção Oeste.

Em seguida, do lado esquerdo da mesa, reza por todos os fieis católicos (ou ortodoxos), enquanto abençoa na direção Norte.

Retornando para a frente da mesa e voltado para o Oriente, o celebrante reza pelos benfeitores da Igreja e por todo o povo presente. Após a grande metânia, eleva a cruz e canta o Kontákion, pequena estrofe alusiva à festa. Em seguida, volta-se para os fiéis e abençoa-os com a cruz.


Depositando novamente a cruz sobre a mesa, entoa-se por três vezes a antífona que é repetida durante todos os ofícios litúrgicos da semana seguinte: “Adoramos a Tua Cruz, ó Mestre, e glorificamos a tua Santa Ressurreição”.

A celebração encerra-se com a adoração da cruz. O sacerdote, seguido pelos ministros e pelos fieis, aproxima-se, faz uma inclinação à cruz e a venera com um beijo. Os fieis que desejarem podem igualmente levar as flores que enfeitam a cruz. Enquanto os fieis adoram a cruz, o coro canta o seguinte hino:

Vinde, fiéis! Adoremos o Madeiro que dá a vida, no qual, Cristo, o Rei da glória, estendeu voluntariamente seus braços, restaurando em nós a felicidade primitiva; nós que, dominados pelo mal e pelas paixões estávamos afastados de Deus. Vinde, adoremos a Cruz, que nos dá a vitória sobre o mal. Vinde, povos da terra, honremos com hinos a Cruz do Senhor, cantando: Salve ó Cruz, libertação de Adão decaído, porque em ti, toda a Igreja se alegra! Nós, fieis, a venerar-te com respeito e devoção, glorificamos a Deus que em ti foi fixado, dizendo: Senhor que foste crucificado, tem piedade de nós, porque Tu és bom e amas a humanidade!



Durante toda a Terceira Semana da Quaresma a cruz fica solenemente exposta no centro da igreja, para a adoração dos fieis.

REFERÊNCIAS:

DONADEO, Maria. O Ano Litúrgico Bizantino. São Paulo: Ave Maria, 1998.

ROSSO, Stefano. La Celebrazione della Storia della Salvezza nel Rito Bizantino. Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2010.

SERBAI, Paulo. A Grande Quaresma na Igreja Ucraniana do Rito Bizantino. Trabalho de Conclusão de Curso de Teologia. Studium Theologicum: Curitiba, 1995.

CRÉDITO DAS FOTOS: Luz do Oriente

domingo, 18 de março de 2012

Novena a São José: 9º Dia

Novena a São José: 9º dia
São José, Intercessor dos Moribundos

Oferecimento
São José, meu terno pai, ponho-me para sempre sob a vossa proteção. Considerai-me como vosso filho e preservai-me de todo pecado. Lanço-me nos vossos braços para que me acompanheis no caminho da virtude e me assistais na hora da minha morte.
Jesus, Maria, José, eu vos dou meu coração e minha alma.
Jesus, Maria, José, assisti-me na última agonia.
Jesus, Maria, José, expire em paz entre vós minha alma.

Oração inicial
Glorioso São José, que fostes exaltado pelo Eterno Pai, obedecido pelo Verbo Encarnado, favorecido pelo Espírito Santo e amado pela Virgem Maria: louvo e bendigo a Santíssima Trindade pelos privilégios e méritos com que vos enriqueceu. Sois poderosíssimo e jamais se ouviu dizer que alguém tenha recorrido a vós e fosse por vós desamparado. Sois o consolador dos aflitos, o amparo dos míseros e o advogado dos pecadores. Acolhei, pois, com bondade paternal a quem vos invoca com filial confiança e alcançai-me as graças que vos peço nesta novena...
Eu vos escolho por meu especial protetor. Sede, depois de Jesus e Maria, minha consolação nesta terra, meu refúgio nas desgraças, meu guia nas incertezas, meu conforto nas tribulações, meu pai solícito em todas as necessidades. Obtende-me finalmente, como coroa dos vossos favores, uma boa e santa morte, na graça de nosso Senhor. Assim seja.

Ó São José, homem justo, pai nutrício do Filho de Deus Encarnado, alcançai-nos, vos pedimos, o amor constante ao vosso filho Jesus.
R. Dai-nos, São José, que nos consagremos totalmente a Jesus e fazei que vivamos sempre na graça divina.

Grande Patriarca São José, por vossa dedicação e amor à vossa Santíssima Esposa, nós vos pedimos uma devoção constante e fecunda à Santíssima Virgem Maria.
R. Dai-nos, São José, a graça da semelhança com a vossa Santíssima Esposa e ensinai-nos a amá-la de todo o coração, como a amastes.

Meu santo protetor São José, pelo profundíssimo amor que tivestes em cuidar de vosso Deus feito homem e pelos sacrifícios que por ele sofrestes, nós vos pedimos a virtude de um amor incondicional a Deus até a morte.
R. Dai-nos, São José, que nos dediquemos às coisas de Deus com todo o nosso entendimento e com todo o nosso coração, sendo Deus a nossa única aspiração e a única afeição de nossa alma.

Ó Senhor, que achastes São José segundo o vosso coração, e lhe confiastes com plena segurança o mais secreto e sagrado mistério de Vosso coração, revelando-lhe a mistério desconhecido de todos os vossos filhos neste mundo.
R. Dai-nos, São José, que seguindo o vosso exemplo, também possamos buscar a perfeição de nossas vidas, tendo-vos como modelo de vida, de união com Deus e como verdadeiro mestre de vida interior.

Oremos:
Ó Deus, sendo admirável em vossos santos, o sois ainda mais no glorioso São José, a quem constituístes como dispensador de todos os vossos bens. Concedei-nos que, ajudados pelos méritos daquele cujo nome veneramos com devoção, cheguemos à felicidade eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo.
R: Amém.

Oração do dia: São José, Intercessor dos moribundos
Ditoso São José, que morrendo nos braços de Jesus e Maria partistes deste mundo ornado de virtudes e enriquecido de méritos: assisti-me na hora suprema e decisiva da minha vida contra os ataques do poder infernal. Obtende-me a graça de morrer confortado com os Santos Sacramentos, necessários para a minha salvação. Tende compaixão de todos os agonizantes, alcançando-lhes a graça da salvação por intermédio de Maria, vossa Santíssima Esposa.
R: Amém.

Rogai por nós São José, padroeiro dos moribundos:
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oração final
Ó Deus, que por uma inefável Providência Vos dignastes escolher o Bem-Aventurado São José para esposo de vossa Mãe Santíssima, concedei-nos que aquele mesmo que na terra veneramos como protetor, mereçamos tê-lo no céu por nosso intercessor. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos.
R: Amém.


sábado, 17 de março de 2012

O Segundo Escrutínio


No Quarto Domingo da Quaresma prossegue-se o caminho da Purificação e Iluminação dos catecúmenos com o Segundo Escrutínio (Ritual da Iniciação Cristã de Adultos - RICA, nn. 167-173). Como já dito anteriormente, os escrutínios têm uma finalidade espiritual, purificando os corações dos catecúmenos e fortalecendo-os nas tentações e orientando-os em seu propósito de unir-se a Cristo.

Nas comunidades em que se celebram os escrutínios, tomam-se sempre as leituras do ano A, centradas na cura do cego de nascença (Jo 9,1-41 ou Jo 9,1.6-9.13-17.34-41) e no simbolismo da luz. As orações podem ser tomadas da Missa ritual para os escrutínios (Missal Romano, pp. 788-791), sobretudo se, por razões pastorais, os escrutínios não forem celebrados no domingo.


Tudo se faz como no Primeiro Escrutínio:

A Missa celebra-se como de costume até a homilia. Após esta, os eleitos com seus padrinhos aproximam-se do sacerdote, que convida a assembleia a rezar alguns instantes em silêncio por eles. Em seguida, convida os eleitos a ajoelharem-se ou inclinarem-se para a oração.

Enquanto os padrinhos colocam a mão direita sobre o ombro dos eleitos, um leitor profere as preces pelos eleitos, utilizando uma das fórmulas propostas pelo RICA (n. 170 ou 382).

Concluídas as preces, o sacerdote recita a oração de exorcismo sobre os eleitos (RICA, n, 171 ou 383) e, se possível, impõe as mãos sobre cada um dos eleitos.


O rito encerra-se com a despedida dos catecúmenos, que devem deixar a igreja, tal como no rito da inscrição do nome, a menos que tal gesto gere muita dificuldade.

A celebração da Missa, após a saída dos catecúmenos, prossegue com a oração dos fiéis (que, se oportuno, pode ser omitida), a Profissão de Fé e o Ofertório, a partir do qual faz-se tudo como de costume.

REFERÊNCIA:
Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA). Tradução portuguesa para o Brasil da edição típica. São Paulo: Paulus, 2007, pp. 74-77.