sexta-feira, 13 de julho de 2012

O cálice

O cálice (do latim cálix, taça) é o principal dos vasos sagrados. Destinado a conter o Sangue do Senhor durante a Celebração Eucarística, remonta ao gesto do próprio Senhor em sua Última Ceia, quando “tomou o cálice em suas mãos”. A Igreja, ao celebrar o Sacrifício Eucarístico, repete este gesto de Cristo.


Devido a sua função de conter o Sangue do Senhor, o cálice deve sempre ser feito de metal nobre (cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 117). Isto para se preserve a integridade e se evidencie a dignidade das Sagradas Espécies.

O cálice diferencia-se da âmbula por não conter tampa. Isto se dá porque é utilizado apenas dentro da Celebração Eucarística, ao contrário da âmbula, que é guardada no tabernáculo.


Para a Celebração Eucarística, o cálice é colocado na credência, e não sobre o altar (cf. Cerimonial dos Bispos, n. 125). Da mesma forma, não entra na procissão das oferendas, uma vez que tomam parte da procissão apenas o pão (na patena e/ou nas âmbulas) e o vinho e a água (nas galhetas). Não faz sentido entrar com um cálice vazio.

No momento da Apresentação das Oferendas, o acólito ou coroinha leva-o ao altar, onde permanece durante toda a Liturgia Eucarística (cf. IGMR, n. 139; Cerimonial dos Bispos, n. 145). Após a Comunhão, o sacerdote ou o diácono consome o Sangue do Senhor no altar e purifica-o, juntamente com as âmbulas, no altar ou na credência (cf. IGMR, n. 163; Cerimonial dos Bispos, n. 165).

O cálice pode ser ornado com um véu, chamado véu de cálice, que pode ser da cor litúrgica da celebração ou sempre branco (cf. IGMR, n. 118). Este véu permanece sobre o cálice preparado para a celebração na credência até o momento da Apresentação das Oferendas, quando o cálice é levado ao altar. Neste momento, o véu é retirado e colocado sobre a credência. Antes de o cálice ser reconduzido à credência, após a Comunhão, coloca-se novamente sobre ele o véu.


O cálice, antes de ser utilizado, convém que seja abençoado por um sacerdote com a bênção própria, conforme consta no Ritual de Bênçãos (cf. Ritual de Bênçãos, p. 510-517). Cumpre notar que antes do Concílio Vaticano II esta bênção era restrita ao bispo.

Por fim, o cálice já com vinho é entregue ao neo-sacerdote na celebração da Ordenação Presbiteral (cf. Pontifical Romano, p. 131), como insígnia própria de seu munus santificandi, isto é, de sua missão de celebrar a Liturgia para a santificação do povo e a glorificação de Deus.

10 comentários:

  1. Podem haver cálices em vidro e/ou madeira?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não. As normas da Igreja são claras: o cálice deve ser sempre de metal. A madeira pode absorver parte do líquido e o vidro, caso quebre, tornaria muito difícil a purificação por causa dos cacos.

      Excluir
  2. André, paz e bem! É correto lavar o cálice, o ciborio e demais paramentos com detergente líquido? Caso não, qual a maneira correta de higienização de paramentos?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim. Os vasos sagrados podem ser lavados com produtos de limpeza, desde que estes não os danifiquem.
      Só esclarecendo: os objetos litúrgicos que se destinam a conter a Eucaristia são chamados de vasos sagrados; os demais objetos utilizados na Liturgia recebem o nome de alfaias. O termo paramentos refere-se apenas às vestes usadas na Liturgia.

      Excluir
  3. Quanto ao uso do véu da píxide (ou o conopeu da píxide) e ao uso dum duplo véu do sacrário (o conopeu interno do sacrário e o conopeu externo do sacrário, consoante a cor litúrgica do tempo litúrgico em que se vive), que diz oficialmente o Magistério da Igreja Católica? Obrigado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esses véus não são mencionados nos atuais livros litúrgicos. Mas nada impede que seu uso se conserve onde for costume.

      Excluir
  4. Pode-mos usar a bolsa de càlice tbm???

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Imagino que você se refira à bursa, bolsa na qual se coloca o corporal sobre o cálice enquanto este permanece na credência. Embora não seja mencionada explicitamente nos atuais livros litúrgicos, nada impede que seja usada.

      Excluir
  5. Olá, tudo bem? Uma dúvida, por favor: quanto aos vasos sagrados, há alguma orientação para que o seu interior seja banhado a ouro? Com certa frequência, vejo essa observação nas características que descrevem suas qualidades, entretanto, nunca li qualquer referência a isso. Seria apenas um costume? Desde já, muito obrigado! E parabéns por seu apostolado; que Deus o abençoe sempre mais!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim. Esta orientação está na Instrução Geral sobre o Missal Romano (3ª edição, n. 328): "Os vasos sagrados sejam feitos de metal nobre. Se forem de metal oxidável ou menos nobres do que o ouro, sejam normalmente dourados por dentro".
      "Dourado" se refere ao material e não à cor, pois o revestimento com ouro é feito para evitar que o cálice se deteriore, uma vez que o ouro não oxida.
      Além disso, os parágrafos seguintes (nn. 329-330) indicam outros dois motivos: a dureza do metal (evitar que o cálice quebre facilmente) e sua impermeabilidade (não absorve líquido).
      As mesmas orientações são dadas pela Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 117.

      Excluir